Folha de S. Paulo
Homens e mulheres que me influenciaram e
que segui pela vida afora
Raro o dia em que não leio sobre algum famoso influencer em evidência por qualquer coisa
importante. Já sei, só nesta frase há quatro pleonasmos. Se é influencer é
porque deve ser famoso e, se está em evidência, é porque disse ou fez algo
importante.
Mas não será assim o maravilhoso mundo dos influencers? E todos com três ou mais milhões de seguidores. Ao saber disso, pergunto-me vexadíssimo: por que não sou um desses milhões e não sigo um influencer?
Digo influencer no masculino, mas são, em
grande maioria, mulheres. E que mulheres! Regulamentarmente louras, com
quilômetros de cabelo, grandes beiços, dentes escovados com Omo, cinturas
simbólicas, peitos mansfieldianos, bundas infladas e nomes como Karyne ou
Thayanna. Não duvido que sejam seguidas o dia inteiro, tanto por rapazes
sarados quanto por velhos ofegantes, mas não devem ser esses os seguidores que
elas influenciam. Imagino que sua influência seja uma coisa mais platônica,
conselheiral, quase filosófica.
Bem, se é assim, eu também já tive meus
influencers e fui um ávido seguidor do que eles diziam, faziam, escreviam ou
pensavam. Eram jornalistas e escritores como José Lino
Grünewald, Carlos Heitor
Cony, Ronaldo Bôscoli, Millôr Fernandes, Paulo Francis, Ivan Lessa, Telmo Martino. Aprendi muito ao privar com eles, alguns
durante anos e em bases diárias. E, entre outros com quem trabalhei e aprendi,
o caricaturista Alvarus, o escritor Marcos Santarrita, o repórter Fernando
Pessoa Ferreira. Todos já morreram e todos souberam quanto me influenciaram.
Sem falar nos que ainda estão entre nós e que continuo seguindo.
Tive a sorte de ser influenciado também por grandes mulheres: amigas ou colegas como Danuza Leão, Germana de Lamare e Tuca Magalhães —lidas, cultas, maduras, habituadas a dinamitar tabus e de uma coragem que vi em poucos homens. E, embora nem precisassem, todas bonitas.
Danuza Leão nunca foi bonita,para o meu gosto.
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