O Estado de S. Paulo
Lula desiste de venda de blindados para a Argentina. Mais uma vitória de Haddad
O ministro Fernando Haddad venceu mais uma
batalha, desta vez contra a Defesa, o Exército e o Itamaraty, ao convencer o
presidente Lula de que financiar a venda de blindados Guarani para a Argentina
seria uma fria. A própria Defesa e o Exército já admitem que seria difícil
fazer a operação e mais ainda explicar ao distinto público, que arcaria com o
calote.
Lula via o acordo como bom para a indústria nacional de defesa e a aproximação com a Argentina, fundamental na política externa e na busca por protagonismo internacional. Haddad, porém, alertou para os riscos e esgotou os caminhos possíveis, BNDES, banco dos Brics e, por último, Banco da Patagônia – no qual o Banco do Brasil tem maioria. Nada funcionou.
“Nem eles têm dinheiro para pagar, nem eles
têm garantias. Então...”, consola-se um (ex)defensor da venda de 156 blindados
produzidos pela empresa privada Iveco, por cerca de R$ 10 milhões cada e com
garantia brasileira. O presidente argentino, Alberto Fernandez, atribuía a
gravíssima crise do país a quatro anos de seca, garantindo que o clima agora
ajudaria. Mas o El Niño só vai piorar!
Apesar do recuo nos blindados, Lula mantém
firme a reconciliação com as Forças Armadas e José Múcio (Defesa) continua com
a função de atrair “o outro lado”. Ao ser chamado para ser articulador político
no segundo mandato de Lula, ele, que vinha da direita, reagiu: “Mas,
presidente, eu sou do outro lado”. E Lula: “O meu lado eu já tenho, preciso de
você para trazer o outro”.
No terceiro mandato, Lula enfrentou uma
campanha dura, resistência no meio militar e o atentado contra Planalto,
Supremo e Congresso. Precisava de alguém que viesse da direita, confiável, bom
de papo e com pontes nas Forças Armadas. Ah! E que aguentasse o tranco do PT e
da esquerda. Bingo! Deu Múcio.
Parece modesto, mas está sendo definida a
extensão do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), de São Paulo para o
Ceará, que está no topo da educação no País. Dos 124 a 168 aprovados no ITA,
por ano, de 2019 a 2023, em torno de 40% se prepararam em Fortaleza e quase 20%
são cearenses. Há bom ensino, espaço disponível da FAB e um fator estratégico:
prestigiar o Nordeste.
Em vez de gastar fortunas com os filhos em
São Paulo, as famílias poderão mantê-los na região enquanto estudam e depois de
formados. E atrair cursos do ITA, como Engenharia da Computação e da Aviação,
terá impacto na qualificação de pessoal e na economia. O pernambucano Múcio, o
cearense Camilo Santana (Educação), a Aeronáutica, o Ceará e o Nordeste agradecem.
Educação sempre será melhor que blindados.
Concordo.
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