O Estado de S. Paulo
Lula ainda não digeriu totalmente a natureza do Centrão
Lula assim definiu o Centrão: não existe
como organização. Não possui endereço ou um gerente. Trata-se, segundo o
presidente, de um “ajuntamento de partidos”, dependendo da situação.
A definição de Lula ignora, porém, a natureza
desse ajuntamento. Consiste, como se sabe há décadas, em manter esses
agrupamentos privados (chamados de partidos) o mais próximo possível dos cofres
e da máquina pública.
O Centrão precede Lula em muitos anos, mas
ambos ostentam trajetórias opostas. A de Lula, enquanto chefe do Executivo, é a
da perda de poder relativo. A trajetória do Centrão exibe a conquista, pelo
Legislativo, de poderes inéditos na história política brasileira.
Lula já havia se convencido 20 anos atrás de que não governaria sem o Centrão. Mas se encontra hoje na situação de ter de governar pelo Centrão. É notória a “continuidade” desse ajuntamento de partidos, não importa a alternância no poder de dois personagens tão distintos como Bolsonaro e Lula.
O maior problema para Lula tem sido
compreender que o adesismo do Centrão ao governo não significa automaticamente
sustentação. As “moedas de troca” continuam em sua essência as mesmas (cargos e
emendas). Mas sua relativa perda de valor, pois o Legislativo abocanhou parte
do orçamento público (portanto, não depende tanto do Executivo), vem de outro
fator mais abrangente.
O sistema eleitoral brasileiro garante a
baixa representatividade do Legislativo, enquanto o grande número de partidos e
as formas de financiamento perpetuam oligarquias políticas fracionadas,
regionalizadas, divididas entre si mesmas dentro do próprio agrupamento
político e com pautas carentes de qualquer “visão” nacional.
Daí Lula reconhecer que esse ajuntamento de
partidos chamado Centrão se dá em torno de “situações determinadas”. Em outras
palavras, tem conformações distintas conforme as questões tratadas, sejam elas
econômicas, de costumes ou regionais. O que dificulta – e encarece –
negociações em torno de qualquer votação relevante.
Dadas as conhecidas características dos
sistemas de governo e político, seria mesmo utopia supor que fosse fácil a vida
de Lula ou de qualquer outro governo. O que a torna tão mais complicada, porém,
é a falta de um plano bem definido – a tão falada “agenda” própria.
O presidente parece esperar que as moedas de troca finalmente tragam a esperada “tranquilidade” nas votações no Congresso. Terá de aguardar sentado.
NÃO PASSA DE UM 'MILICIANO LINGUARAZ' A QUERER INTERPRETAR LULA...
ResponderExcluirQUEM ES TU, BOCA-DE-WATILDE?
VÁ LER MARIA CRISTINA FERNANDES PARA APRENDER, VIVANDEIRO!
Pois é.
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