Folha de S. Paulo
Missões dadas ao hacker eram sinal de
desespero golpista
A gana bolsonarista por um golpe pode ser
medida pelo número de vezes em que a
turma acionou o hacker Walter Delgatti na reta final da eleição. Ele
teria recebido quatro missões para tumultuar a campanha, atacar a credibilidade
do TSE e abrir caminhos para melar a votação.
A convocação do hacker foi uma daquelas ideias ambiciosas de quem tem teorias da conspiração nas veias. Ao conhecer Delgatti em setembro de 2022, a deputada Carla Zambelli perguntou se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas para provar uma suposta vulnerabilidade.
No encontro, de acordo com o depoimento do
hacker à Polícia Federal, a parlamentar fez um segundo pedido. Se não fosse
possível invadir as urnas, ele poderia usar sua experiência na Vaza Jato para
acessar o celular de Alexandre de Moraes e roubar mensagens que comprometeriam
o presidente do TSE.
A prova de que o plano era levado a sério
veio quando Delgatti foi chamado ao Palácio da Alvorada para uma reunião
com Jair
Bolsonaro. Lá, o presidente teria repetido a encomenda da invasão das
urnas.
O hacker não conseguiu executar a tarefa,
mas entregou outro produto. Ele contou à PF que, a pedido de Zambelli, invadiu
um sistema para criar um mandado de prisão fajuto contra Moraes. Parece
maluquice, mas há gente que chorou de alegria nas ruas de Brasília com a
notícia falsa de um estado de sítio em 2021.
Além de ir à casa de Bolsonaro, o hacker
também pode ter participado de reuniões no Ministério da Defesa. O advogado de
Delgatti disse à GloboNews que seu cliente contribuiu com questionamentos
feitos pelos militares ao TSE sobre as urnas.
As maquinações golpistas eram comuns porque
os bolsonaristas provavelmente sabiam que perderiam a eleição, pensavam que era
possível virar a mesa e acreditavam que não seriam punidos. Se tivessem
dedicado tanta energia a ganhar no voto, talvez também tivessem fracassado,
dada a baixa qualidade dos personagens, mas ao menos correriam um risco menor
de parar na prisão.
Loucura!
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