Folha de S. Paulo
Queda de energia parece pontual, enquanto
reajuste nas bombas indica dificuldade precoce em nova política de preços
A terça-feira não foi um dia de boas
notícias para Lula.
O petista assistiu do Paraguai ao apagão
em quase todo o país, ao anúncio de um aumento salgado nos preços dos
combustíveis e a mais um adiamento da votação do arcabouço fiscal na Câmara.
Qualquer queda nacional de energia incomoda o presidente de turno, mas a dor de cabeça de Lula deve ser passageira. Apagões despertam questionamentos sobre a estrutura do país e alguma desconfiança sobre quem gerencia a máquina. Governos recém-instalados, porém, recebem um bom desconto, principalmente se a falha parece pontual.
O eleitor e a economia respondem de forma
aguda quando o problema é duradouro e está presente no dia a dia. Em 2001,
Fernando Henrique Cardoso vinha recuperando popularidade após a desvalorização
do real, até que o racionamento de energia entrou nas casas dos brasileiros
e voltou
a derrubar seus números.
O
reajuste da gasolina e do diesel deve ter para Lula um gosto mais
amargo do que o apagão. A alta indica que a estatal encontrou uma dificuldade
precoce na promessa do petista de manter os preços dos combustíveis protegidos
de flutuações internacionais. Aponta também que o presidente não está disposto,
ao menos por enquanto, a implantar uma nova política a marretadas.
O aumento expõe Lula, em alguma medida, ao
inevitável mau humor de caminhoneiros e motoristas com os novos preços e a uma
hesitação sobre a política do governo na área. A decisão também força uma
revisão para cima das expectativas de inflação no momento em que o governo celebrava
o início do corte de juros.
Já o adiamento
da votação do arcabouço fiscal foi um sinal de outro aumento de
preços. Arthur Lira aproveitou um escorregão do ministro Fernando Haddad para
fazer uma demonstração de força e obrigar o governo a melhorar sua oferta para
o embarque oficial do centrão na base aliada. Lula vinha adiando o negócio, mas
pode ter que pagar mais caro para evitar que o prazo de aprovação da proposta
se esgote.
Pois é.
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