Folha de S. Paulo
Mensagens provam papel do ex-presidente na
cadeia de transmissão da conspiração golpista
Anos de blindagem devem ter deixado Jair
Bolsonaro mal-acostumado. Sem embaraço, o ex-presidente admitiu que
enviou ao empresário Meyer Nigri, no ano passado, uma mensagem que atacava a
credibilidade das eleições e pedia ao aliado que repassasse "ao
máximo" o texto.
"Eu mandei para o Meyer, qual o problema?", questionou Bolsonaro, em conversa com a Folha. O ex-presidente é um especialista no uso de perguntas retóricas para fazer pouco caso do risco de pagar pelos próprios atos ("E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?"). Desta vez, será mais difícil sustentar o deboche.
A Polícia
Federal já encontrou "o problema". Além de disparar absurdos
em público, Bolsonaro também era uma metralhadora de notícias falsas em
conversas privadas. Abastecia aliados e estimulava a disseminação de mentiras
sobre as eleições, fornecia matéria-prima para o golpismo e espalhava mensagens
que falavam em guerra civil.
As provas coletadas pelos investigadores
são elementos concretos de materialidade sobre o papel de Bolsonaro na
incitação de uma insurreição. O então presidente usava autoridade para ampliar
o alcance de informações falsas que corroíam a credibilidade das eleições e
serviriam de munição para ataques golpistas.
Os contornos dessa cadeia são nítidos no
caso da mensagem que o ex-presidente confessou ter enviado, insinuando a
existência de uma trama liderada pelo TSE. Segundo a GloboNews, logo depois do
disparo, o texto foi reproduzido em páginas de aliados de Bolsonaro. Meses mais
tarde, eles usariam aqueles argumentos num movimento golpista.
A PF também encontrou mensagens
distribuídas por Bolsonaro que citavam um conflito violento como possível
consequência daquela campanha de desinformação. "O STF será o responsável
por uma guerra civil no Brasil", dizia um dos textos, obtido pelo UOL.
Sobram provas de que o então presidente era
um integrante ativo de uma conspiração que pretendia derrubar o governo eleito
e culminou nos ataques de 8 de janeiro.
Claro.
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