O Estado de S. Paulo
Lula superou o pior e capitalizou o melhor momento. O que vem pela frente?
O presidente Lula vive numa montanha-russa,
ora nas nuvens, ora lá no fundo. Depois de resgatar as políticas sociais e
reagir ao 8 de Janeiro liderando os Poderes e os Estados pela democracia, ele
desandou a falar besteiras, confraternizou com Venezuela, Rússia e China,
confrontou Estados Unidos e Europa e jogou montes de dúvidas sobre a economia e
o Lula 3. Mais à esquerda, estatizante, gastador?
A partir daí, os articuladores políticos entraram em campo e Lula fez uma correção de rumos, botou a política externa no prumo e assumiu o ataque sistemático aos juros estratosféricos, ao Banco Central e a Roberto Campos Neto. Colou! Quem gosta de juros altos? Ninguém.
Os dados econômicos ajudam: inflação recua
(até pela política monetária do BC…), desemprego cai, a nota do Brasil nas
agências de risco melhora, os investimentos crescem, a previsão de PIB só sobe.
E o Congresso foi camarada nas primeiras rodadas de âncora fiscal, reforma
tributária e novas regras do Carf. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas... E
agora?
Com a redução de meio ponto porcentual dos
juros e a sinalização de que a queda vai se repetir ao longo do ano, Lula
comemora uma vitória e a expectativa de aquecimento da economia. Porém, ele perde
uma forte bandeira política e uma conveniente blindagem econômica. Bater em
juros e bancos dava “Ibope” e ele vai ter de arranjar um novo “inimigo”. E, se
a responsabilidade fiscal balançar e a economia derrapar, também vai ter de
arranjar um novo “culpado”.
O otimismo está calcado nos bons
indicadores econômicos e também no ajuste das contas públicas, mas quem
acredita em déficit zero em 2024? Se não vier, e é bastante provável que não
venha, será um banho de água fria na política econômica e no maior trunfo do
governo: Fernando Haddad, da Fazenda.
É hora de dúvidas. O Congresso anda mais
arisco, Arthur Lira adiou a votação da âncora fiscal na Câmara, “por falta de
consenso”, e a reforma tributária vai receber emendas no Senado, para o bem ou
para o mal. Por trás disso, está o guloso Centrão, esfregando as mãos para
devorar ministérios, gerando, inclusive, o pavor de novos petrolões.
Os ventos que vêm dos EUA já estremecem
dólar e Bolsa. Márcio Pochmann no IBGE é um sinal de que o PT quer mais espaços
e impor suas políticas. E a mão pesada na Petrobras começa a cobrar seu preço,
na política e na economia. Com o gap entre os valores internacionais e
internos, o lucro da companhia despencou 47% no segundo trimestre, diante de
2022. Mercado, investidores e especialistas criticam, bolsonaristas fazem a
festa. E as muitas interrogações preocupam.
Pois é!
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