Correio Braziliense
A hipótese da falta de planejamento é a que
mais preocupa o governo. Quando o sistema entra em colapso, os prejuízos
econômicos são enormes e o desgaste político é maior ainda
O apagão que atingiu todas as regiões do
Brasil na manhã desta terça-feira, politicamente, deve gerar uma guerra de
narrativas entre o governo Lula e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(PR), principal gestor do processo de privatização da Eletrobras. O apagão
começou a ser registrado nos sistemas do ONS às 8h31, no horário de Brasília,
quando é interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico. Em 10
minutos, a carga do sistema elétrico brasileiro caiu 25,9%.
A interrupção ocorreu devido à abertura da interligação Norte-Sudeste, supostamente por uma falha no circuito de Imperatriz, no Maranhão, e outra no Ceará. As causas da ocorrência ainda estão sendo apuradas. Há três hipóteses: colapso do sistema, falha humana ou sabotagem. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que vai solicitar à Polícia Federal (PF) e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a apuração das causas do apagão, para saber se houve “eventuais dolos”.
Silveira criticou a privatização da
Eletrobras: “O setor elétrico de um país, em especial com uma dimensão
territorial como a do Brasil, não deveria ser privatizado”, disse. A
privatização da Eletrobras “fez muito mal, em especial no modelo em que ela
ocorreu, ela fez, sim, mal ao sistema”.
A hipótese de sabotagem não pode ser
descartada, porque houve tentativas de interromper o funcionamento do sistema
durante os atos golpistas de 8 de janeiro. Na ocasião, o governo instaurou um
gabinete de crise para monitorar a segurança de instalações do setor elétrico.
Torres de transmissão de energia foram derrubadas no Paraná e em Rondônia,
entre a noite de domingo, 8, e a madrugada de segunda-feira, 9.
À época, as empresas responsáveis pelos
sistemas relataram indícios de “sabotagem”, mas os resultados das investigações
não foram divulgados. O ministro Silveira, porém, é cauteloso quanto a isso.
Com razão, pois o sistema é altamente sensível, requer planejamento e completo
monitoramento.
Segundo o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado
Nacional (SIN) interrompeu 16 mil megawatts (MW) de carga. O Brasil registrava
73.484,7 MW às 8h30, no horário de Brasília, em trajetória de alta — exatamente
como ocorre todas as manhãs. Mas, no minuto seguinte, a carga do sistema caiu
repentinamente cerca de 7%.
Houve, em 10 minutos, perda de carga de
mais de um quarto da energia do sistema. A carga do subsistema Norte caiu 83,8%
em pouco mais de 10 minutos, a partir de 8h31. No Nordeste, a carga do sistema
caiu 44,4%. No Sudeste-Centro-Oeste, a perda foi de 19% após o apagão. Na
Região Sul, a queda chegou a 15,5%, a que menos sofreu com o apagão.
Planejamento
A hipótese da falta de planejamento, porém,
é a que mais preocupa o governo. Quando o sistema entra em colapso, os
prejuízos econômicos são enormes e o desgaste político é maior ainda, como
ocorreu no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 1999, houve um
blecaute no dia 11 de março, que atingiu o Distrito federal e 10 estados, o que
afetou a vida de 76 milhões de pessoas.
Foi um aviso do que viria a acontecer no
final do segundo mandato de FHC. Em 2001, a escassez de chuvas e a falta de
planejamento, aliadas ao aumento da demanda por eletricidade e à alta
dependência das hidrelétricas, sobrecarregaram o sistema elétrico do país e
geraram risco de colapso total. Houve racionamento de energia nas regiões
Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, entre junho de 2001 e março de 2002.
O governo Lula também enfrentou um apagão
em 2009, por causa de uma falha no sistema da binacional Itaipu. A queda brusca
na demanda de energia ocasionou o desligamento automático de 20 turbinas da
hidrelétrica. Ficaram sem energia 90 milhões de pessoas. Quatro estados
brasileiros foram integralmente afetados. Cerca de 90% do Paraguai também ficou
sem luz.
No governo Dilma, no qual a construção da
usina hidroelétricas de Belo Monte, no Pará, foi uma prioridade, uma falha em
subestação localizada na divisa de Pernambuco com a Bahia deixou 47 milhões de
pessoas sem luz, em 3 de fevereiro de 2011. Foram várias horas de interrupção
no fornecimento em todo o Nordeste.
No apagar das luzes de seu governo, em 21
de março de 2018, o então presidente Michel Temer também teve seu apagão,
literalmente. Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba,
Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins ficaram
sem energia. Houve uma falha na linha de transmissão de Belo Monte. No total,
70 milhões de pessoas foram afetadas.
Em 3 de novembro de 2020, a principal subestação do Amapá pegou fogo. Ficaram sem energia 13 dos 16 municípios do estado. O desgaste do governo Bolsonaro, porém, foi localizado. Houve caos nos serviços públicos, durante 10 dias, 800 mil ficaram sem eletricidade. A responsabilidade maior de investimentos na geração de energia é da Eletrobras.
Tem MME, tem ONS, tem ANEEL, tem as CONCESSIONÁRIAS, tem esses monstruosos cabides de empregos públicos e outros nem tanto, remunerados sempre à máxima, e falha essa porra toda deixando a gente sem energia elétrica?
ResponderExcluirE agora vem o 'mentirão' pra explicar inventado culpas?
E pior: Haddad errou, e tava dizendo a pura verdade!
Ou dá um jeito de anular de vez o Lira, principal sócio do Bolsonaro, ou, jajá, ele e o centrão vão vender o que resta do país aos árabes, como se fossem jóias em leilão americano, e não vai ter nem troco...
Na minha cidade não houve apagão,graças a Deus.
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