Correio Braziliense
As investigações comprovam ações do ex-diretor
da PRF Silvinei Vasques com o objetivo de impedir que eleitores do Nordeste
comparecessem às urnas nas eleições passadas
A prisão do ex-diretor-geral da Polícia
Rodoviário Federal (PRF) Silvinei Marques por ordem do ministro Alexandre de
Moraes, responsável pelo inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de
janeiro, representa um novo patamar das investigações sobre a tentativa de
golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais dois auxiliares muito próximos do
ex-presidente Jair Bolsonaro também estão em apuros: o tenente-coronel Mauro
Cid, ainda preso num quartel do Exército, e o ex-ministro da Justiça Anderson
Torres, em restrição de liberdade (usa tornozeleira eletrônica e não pode sair
de casa das 20h às 8h).
As investigações comprovam ações do ex-diretor da PRF com o objetivo de impedir que eleitores do Nordeste comparecessem às urnas nas eleições passadas. Essas ações foram planejadas, supervisionadas diretamente por Silvinei. Têm muita semelhança com táticas utilizadas pela extrema direita nas eleições da Flórida e podem revelar conexões internacionais da extrema direita brasileira.
Apreendidos nas investigações sobre o 8 de
janeiro, os celulares de Naralucia Leite Dias, policial rodoviária federal que
ocupava a função de chefe do Serviço de Análise de Inteligência da PRF, e de
Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de Análise de Inteligência da
corporação, mostram que a PRF omitiu dados de inteligência sobre os bloqueios
nas estradas após as eleições.
Silvinei Vasques negou que a PRF previra os
bloqueios, mas está provado que mentiu. Além da prisão preventiva do
ex-diretor-geral da PRF, o ministro Moraes determinou busca e apreensão de
armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos
eletrônicos e do seu passaporte.
Análises desse tipo de informações já
trouxeram à tona dados surpreendentes, como a tentativa de venda de um relógio
Rolex, supostamente de propriedade do ex-presidente Jair Bolsonaro, pelo
tenente-coronel Mauro Cid. O fato foi revelado por um e-mail de uma secretária
do gabinete pessoal da Presidência, encontrado na lixeira de caixa postal do
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O militar era uma espécie de faz-tudo,
inclusive as coisas erradas.
Espionagem
Nesta quarta-feira, também surgiram
revelações de que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência
continuou sendo monitorado por Mauro Cid após a posse do presidente Lula. Dois
ex-ajudantes de ordens do GSI continuaram recebendo informações sobre as viagens
de Lula: Cleiton Henrique Holzschuk recebeu e-mails até abril deste ano, e
Osmar Crivelatti, hoje assessor de Bolsonaro, até 3 de julho.
Mauro Cid recebeu informações sobre
detalhes da segurança de Lula nas viagens do presidente da República a Pequim e
Xangai, na China; Brasília; Foz do Iguaçu (PR); e Boa Vista (RR). Três
militares do GSI supostamente atuaram como espiões: Márcio Alex da Silva, do
Exército; e Dione Jefferson Freire e Rogério Dias Souza, ambos da Marinha. Os
três trabalharam no GSI de Bolsonaro.
O cerco aos golpistas está se fechando. O
ministro Alexandre de Moraes fez um balanço do andamento de ações penais contra
os acusados de participação na invasão das sedes dos Três Poderes: o STF
recebeu e analisa 1.295 denúncias, das quais 232 por associação criminosa
armada, dano qualificado, abolição do Estado Democrático de Direito. Somente
quatro dessas denúncias não estão prontas para julgamento.
Numa outra frente, partidários de Bolsonaro
também estão em apuros. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cancelou a
convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, pela Comissão
Parlamentar de Inquérito(CPI) do Movimento Sem Terra (MST). Simultaneamente, o
líder do governo, José Guimarães, articulou a mudança de representantes dos
partidos que participam do governo na comissão, o que deixou a oposição em
minoria. O relator do colegiado, Ricardo Salles (PL-SP), bolsonarista, anunciou
que a CPI não será prorrogada em setembro. É a mão de Lira.
Está clara a trama com objetivo de golpe perpetrada no "08deJaneiro", mesmo que junto com essa trama também seja mostrado pela CPMI que para desmoralizar como golpistas e assim desgastar adversários a força política que estava -que está- no poder tenha facilitado as invasões dos palácios e deixado que os atos do "08" tomassem proporções mais visíveis.
ResponderExcluirEspero que a apuração do "08dejaneiro" sirva para que todos passem a uma adesão sincera à democracia e se conscientizem de que não se atenta contra a democracia nem aqui nem lá fora, usando argumentos diversos para se associar a ditadores e ditaduras de outros países, apoiando seus interesses, e internamente ao Brasil encenando um teatro diferente para passar a ideia de que não daria o próprio golpe se aqui contasse com acumulação de força suficiente para fazer isso.
Veremos se todos aprenderam a lição importante de defender a democracia de forma sincera se passarmos a ver TODAS as forças políticas e seus líderes condenando golpes políticos, condenando ditaduras e condenando ditadores e autocratas de qualquer sabor ideológico e de onde quer que eles sejam, Venezuela, Cuba, El Salvador, Rússia, China, Hungria ou Filipinas.
Há apenas que diferenciar as relações carnais entre forças políticas locais e forças políticas externas de perfil extremista fundamentalista e as relações diplomáticas protocolares entre Estados. Mas nem as relações diplomáticas devem ser usadas como desculpas nem disfarce para não assumir compromisso com a democracia e manipular falas para defender interesses de ditadores.
Isso vale para Bolsonaro e bolsonaristas, mas vale também para Lula, para lulistas e para todos!
O único senão da esquerda é passar a mão em ditadores de esquerda,mas o Lula e Dilma nunca tentaram dar golpe de estado no País,enquanto Bolsonaro falava nisso todos os dias.
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