O Globo
Arthur Lira tenta influenciar na escolha do
PGR
O Centrão voltou do recesso com o apetite
redobrado, tanto que o presidente Lula já antecipa uma reforma ministerial
ainda para agosto. Com a coincidência de datas, pode ser que o governo
aproveite para misturar as cenouras, decidindo sobre a escolha do novo
procurador-geral da República, do novo ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, de alguns ministérios
negociáveis e de três vagas no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Com isso, o presidencialismo de coalizão,
que se inviabilizou com a pulverização partidária, se transforma em
“parlamentarismo manco e cambeta, onde o Parlamento tem muito poder, e não as
responsabilidades proporcionais”, na análise do ex-deputado federal de Minas
Marcus Pestana, um especialista em reformas partidárias. Foi das comissões de
reforma política em 2011, 2013, 2015 e 2017. Era assim naquela época no Brasil:
ano par, eleição, ano ímpar, reforma política.
Pestana foi autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto distrital misto na reforma de 2015, a única que chegou ao plenário, obtendo apenas 99 dos 308 votos necessários. Nenhuma das reformas prosperou porque a pulverização partidária já imobilizava qualquer mudança. Na era de Fernando Henrique Cardoso, a equação era mais fácil, com a governabilidade garantida por apenas três partidos (PSDB, PFL e PMDB).
Depois, com a pulverização, transitamos
para um presidencialismo de cooptação, que deu no mensalão e no petrolão.
Sucedeu-se o presidencialismo “de rendição”, com a renúncia de Bolsonaro a
governar, transferindo na prática ao presidente da Câmara, Arthur Lira, o
Orçamento da União. Na configuração atual, Lira tenta a manobra mais ousada:
influenciar a escolha do novo procurador-geral da República. O que seria quase
um suicídio político para Lula, que anda preocupado em nomear para
cargos-chaves, como ministro do Supremo ou PGR, pessoas em que possa confiar.
É o presidente da Câmara quem define se o
impeachment, que virou um voto de desconfiança parlamentarista, apenas mais dolorido
e traumático, entra em votação no plenário. A outra possibilidade de processo
contra o presidente da República vem do procurador-geral da República. Por isso
todos andam à procura de um “engavetador-geral”, tão criticado pelo próprio PT
quando o procurador-geral nos governos Fernando Henrique era Geraldo Brindeiro.
A busca é tão intensa que foi cogitado até
manter Augusto Aras, o “engavetador-geral” de Bolsonaro, mas o absurdo é
tamanho que a ideia saiu do radar. E, revela Andréia Sadi em seu blog, ainda
voltou a circular a proposta de nomear um PGR fora do Ministério Público
Federal (não parece manobra factível, pois seria necessária uma emenda
constitucional). O vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet tem o apoio dos
ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Mas é próximo da
subprocuradora Lindôra Araújo, braço direito de Aras.
No Supremo, há candidatos de todos os
tipos: apoiados por partidos políticos, por ministros do próprio Supremo, por
advogados petistas, por representantes identitários exigindo mulheres, negros
ou mulheres negras. A raiz do problema está nos sistemas de governo, político,
eleitoral e partidário, na avaliação de Pestana, um dos maiores especialistas
em legislação eleitoral, afastado temporariamente do Congresso devido à onda
bolsonarista que afetou a composição do Parlamento.
Sem falar no sistema de governo, que
Pestana queria que fosse parlamentarista, ele aponta que nosso sistema
eleitoral é “o pior do mundo”: caro, sem controle social, sem favorecer vínculo
entre representado e representante, transferindo a competição para dentro dos
partidos. A governança do sistema político-partidário foi afetada pelos fundos
públicos de financiamento, opções corretas, na visão dele, Pestana, diante dos
escândalos ocorridos, mas que demandavam regras saudáveis de transparência e
governança, com mecanismos de democracia interna assegurados.
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ResponderExcluirMERVAL, NEM PRECISA DIZER, NADA CONFIÁVEL
PESTANA, 0,56% EM GOV MG 2022, MENOS AINDA.
VOU TIRAR UMA PESTANA, E OS DOIS DAS VISTAS!
Facílimo comentar o este artigo de Merval. É pesado, é lastimoso, é muito lamentável, mas é fácilimo de comentar::
ResponderExcluir▪Merval Pereira bateu uma fotografia.
O que vemos na foto de Merval é real, e para quem tem sensibilidade com o real a imagem é chocante! E olha que é a foto só de poucos cantos, alguns cantões!
Cada qual com sua leitura,rs.
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