O Globo
Bolsonaro e Trump tentaram insurreições
para mudar o sistema eleitoral e a democracia ainda não sabe consertar este
estrago institucional
Brasil e Estados Unidos viveram tantos
ineditismos nos últimos anos, que o anormal passou a ser o cotidiano. Agora,
pouco nos assustamos com presidentes respondendo a processos por conspiração
contra a democracia ou por incitar seguidores a invadir sedes de poderes. Ou
por tentar permanecer no poder mesmo diante da derrota eleitoral. Tudo seria
considerado bizarro se contado a nós anos atrás. Isso nunca aconteceu antes. E
com tal intensidade que as pessoas ainda estão anestesiadas.
Há muito em comum entre Jair Bolsonaro e Donald Trump. Os últimos dias mostraram de novo os paralelos. Ambos estão muito encrencados e a cada semana novas evidências aparecem de uma sucessão de ilegalidades. Respondem a vários processos na Justiça, são acusados de diversos crimes e investigados por conspiração. Trump foi indiciado pela terceira vez por tentativa de alterar o resultado das eleições. Bolsonaro é investigado por participação em atos golpistas. A diferença entre ambos é que o ex-presidente brasileiro está inelegível, e o ex-presidente americano tenta voltar ao poder e lidera as pesquisas das primárias americanas.
A explicação dos especialistas em política
norte-americana para a aberração de Trump ser presidenciável e poder concorrer
à Casa Branca é que os fundadores da pátria jamais pensaram que algo assim
pudesse acontecer. Ele foi indiciado em três processos e em cada um deles há
várias acusações. Um processo por fraudar documentos contábeis para esconder
que comprou o silêncio de uma atriz pornô, outro por levar para casa documentos
secretos que envolvem a segurança nacional e o terceiro por conspiração contra
os Estados Unidos. Ao depor essa semana, ele afirmou que é um perseguido
político e sentenciou: “triste dia para a América”.
Bolsonaro tem também um número
impressionante de investigações e processos, e a cada semana um novo desdobramento
aumenta o cerco em torno dele. Acusado de participação em atos golpistas, de
ter vazado documentos sigilosos, de omissão na pandemia, de tentar interferir
na Polícia Federal. Na ação movida por ele ter divulgado mentiras relacionando
a vacina da Covid à Aids, o procurador- geral Augusto Aras pediu o
arquivamento. A ministra Rosa Weber não concordou.
Na semana passada, houve dois episódios que
cavaram mais o fosso em que Bolsonaro está entrando. O ex-ajudante de ordens
Mauro Cid encrencou-se ainda mais — o que parecia impossível — com os indícios
de que tentou vender um relógio da marca Rolex por US$ 60 mil que foi dado pela
Arábia Saudita ao ex-presidente. A deputada Carla Zambelli foi alvo de operação
que tenta comprovar suspeitas de diversos crimes. Ela teria pago ao hacker
Walter Delgatti para invadir o Conselho Nacional de Justiça e postar documento
apócrifo. Zambelli o levou ao presidente Jair Bolsonaro e a conversa foi sobre
como hackear urnas eletrônicas. Delgatti teria ido também ao Ministério da
Defesa. Sua possível delação premiada pode trazer novas informações sobre mais
essa tentativa de Bolsonaro, de parte da cúpula militar e de parlamentares da
base do governo anterior na conspiração contra as eleições.
Trump lá é acusado de mentir sobre o resultado
das eleições, Bolsonaro aqui tentou manter seus seguidores convencidos de que o
TSE forjara a vitória de Lula. Os dois tiveram comportamentos condenáveis em
inúmeros casos. Trump disse em alto e bom som que seus seguidores deveriam ir
até o Capitólio. Bolsonaro foi para os Estados Unidos sem reconhecer a derrota
e deixando seus seguidores acoitados em frente ao quartel-general do Exército,
de onde saíram para invadir os Três Poderes.
Isso jamais havia acontecido antes. Na
nossa República vivemos duas grandes ditaduras, tentativas de golpes de estado
e dois impeachments. Mas nada parecido com o que foi vivido com Bolsonaro. Nos
Estados Unidos, em 236 anos, nunca houve algo como Trump. É novo, surpreendente
e os Estados Unidos ainda não sabem como vão se defender desse inimigo da
democracia.
Trump e Bolsonaro tentaram insurreições
para mudar o resultado eleitoral. Mas, mesmo que eles sejam condenados e
presos, a democracia ainda não sabe como consertar o estrago institucional
feito por pessoas que jamais deveriam ter chegado à presidência. A democracia
não se preparou para o impensável e, por isso, permanece vulnerável.
■São coisas de extremistas e de seus apoiadores!
ResponderExcluirO Niger acaba se sofrer um golpe.
▪Enquanto isto, está o PT e seu entorno incensando Burquina Faso e Malí, dentro do clima de aqueles países darem sustentação ao golpe em curso no Niger.
Os golpistas que usurparam o poder com o uso da força e mantêm o presidente nigeriano preso faz cinco dias são articulados e armados pelo ditador da Rússia.
Observe-se que os dirigentes de Burquina Faso e os do Malí são, eles mesmos, extremistas que pelo uso da força usurparam o poder nos seus países há dois anos, também com o apoio de Vladimir Putin e do Grupo Wagner (que nome assustador e sintomático tem essa milícia da Rússia!).
Sendo os golpes no MAGREB uma articulação de Vladimir Putin, isto explica um tanto o apoio velado do PT e o silêncio de Lula em relação a mais este golpe.
Que poder de sedução tem esse Vladimir Putkn:: Putin consegue ter a simpatia de Lula, de Bolsonaro e de Tramp. Como será que Putin consegue isso? Ou a explicação de ter o apoio desses populistas está nos caras e não em Putin?
Nem o consórcio de 15 países da Comunidade Econômica Africana informando que farão intervenção armada contra os golpistas do Níger para libertar o presidente aprisionado e restabelecer a democracia caso os golpistas do Níger não recuem faz Lula dar uma mínima declaraçâo condenando o golpe.
Ficam a França e os Estados Unidos sozinhos com seus aliados democráticos buscando proteger regimes legítimos contra os extremistas e seus apoiadores, sempre tão venais, incompetentes e corruptos quanto os extremistas que apoiam.
Se mesmo diante das atrocidades da Rússia contra o desejo de democracia do povo ucraniano Lula escolhe as declarações que dá para favorecer os interesses de Putin contra os países democráticos e o PT dá a Putin apoio explícito, esperar o quê destes apoiadores de extremistas?
Trump e Bolsonaro,ninguém explica!
ResponderExcluirTramp, Bolsonaro, Lula, Putin, Hugo Chaves, Nicolas Maduro, Evo Morales, Erdogã, Victor Orbán...
Excluir...Explica-se cada um destes sim, e o grosso da explicação é comum a todos eles. Mas quem os apoia bloqueia os sentidos quando se trata do seu Mito e se esforçam em se desmarcarem de outros seus tão iguais!