Folha de S. Paulo
Nenhuma semana é particularmente violenta
no Brasil. Em todas elas há manchetes aterrorizadoras
O assassinato
da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, na Bahia, no dia 17
último, chocou não só pela motivação —execução óbvia, ordenada provavelmente
pelos madeireiros ilegais que ela denunciava—, mas pela violência. O que leva
dois homens portando armas calibre 9 mm, de uso restrito das forças de
segurança, a disparar 12 tiros contra uma senhora de 72 anos enquanto ela via
TV com os netos em sua casa? Ódio e barbárie. Este é o Brasil.
Escrevi aqui outro dia (13/7) sobre o fato de que, por qualquer motivo, brasileiros trocam garrafadas, jogam seus carros ou sacam facas, pistolas e barras de ferro uns contra os outros. E transcrevi manchetes que recolhi por aqueles dias em jornais e sites. Não foram dias particularmente violentos. Veja, por exemplo, manchetes da última semana.
No Rio, mulher foge de blitz, sobe em
canteiro, atropela moto e ainda xinga o motociclista. PMs socam e arrastam
homem em situação de rua que se abrigava da chuva em supermercado no Paraná. Em
Alagoas, mulher é suspeita de roubar cabelo de cadáver. Aumenta no
Brasil registro de autoagressão e de tentativa de suicídio entre crianças e
jovens.
Servidora de 68 anos é amarrada e espancada
até desmaiar por homem armado em prédio da Secretaria Municipal de Saúde em São
Paulo. Em Manaus, advogado é baleado por mulher de policial ao defender bebê.
Médica foi morta com 30 facadas em seu apartamento em São Paulo e mala usada no
crime para ocultar o cadáver rasgou. Em Senador Camará, no Rio, professora
carbonizada foi enforcada com corda, teve álcool jogado nos olhos e gasolina no
corpo enquanto ainda respirava.
Em compensação, em Bogotá, o colombiano
Luis Garavito, conhecido como La Bestia, acusado da morte de 300 meninos nos
anos 1990 e condenado a 1.853 anos, acaba de ganhar liberdade condicional.
Como diz meu amigo Ancelmo Gois, deve ser
terrível viver num país assim.
Qual País?
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