O Globo
Presidente quer empresa mais 'alinhada com
os interesses do país', e Prates cede para ter sobrevida
Numa série de reuniões nas últimas semanas,
o presidente Lula conseguiu dobrar as resistências da diretoria da Petrobras à
ideia de que a empresa deve ser parte de uma visão estratégica de Estado,
afinada com as diretrizes do governo, seu maior acionista, para o
desenvolvimento do país.
O resultado mais imediato dessa rodada de conversas, que acabou por reduzir a chama em que a batata do presidente da empresa, o ex-senador Jean Paul Prates, era posta para assar, é que deve demorar um pouco até que a companhia anuncie reajustes nos preços dos combustíveis, embora o mercado já aponte descompasso entre os valores praticados aqui e os preços internacionais.
Quem tem acompanhado essas reuniões nota em Prates e nos demais diretores uma disposição maior em aquiescer diante do discurso do governo, que não é novo em relação à maneira com que os governos anteriores de Lula e de Dilma Rousseff enxergavam o papel da Petrobras: gerar empregos, fortalecer a indústria nacional (a expressão “valorização do conteúdo local”, tão em voga naqueles anos, voltou à mesa de negociações com força), investir em refino e em gás e descasar os preços dos combustíveis do valor internacional — o que já foi anunciado meses atrás.
Quando se indaga se essas diretrizes não
implicam intervenção do governo na petroleira, uma empresa de economia mista
regida por regras de governança próprias, os integrantes do governo dizem que
não, mas que a empresa precisa estar mais “alinhada com os interesses do país”.
Em relação aos demais acionistas e ao
mercado, a visão da gestão Lula é que eles têm de estar cientes de que a
Petrobras não está mais sendo preparada para ser privatizada, como pretendia o
ex-ministro Paulo Guedes, nas palavras de seu ex-assessor Adolfo Sachsida. O
discurso é que a Petrobras será uma empresa rentável, “perene” (nova máxima
nessas mesas de negociação), que investe em refino, dialoga com o exterior e
com investidores interessados no longo prazo.
Quando se argumenta com o risco de perda de
valor da companhia e até de desabastecimento, caso a decisão de vender
combustível internamente abaixo do preço internacional leve a uma defasagem
muito grande, a resposta colhida é que o governo não será irresponsável e que,
mesmo com o anúncio do fim da política de paridade internacional, a empresa tem
ganhado valor nos últimos meses.
Na Petrobras, Lula vem praticando o que
pretendia fazer no saneamento e na Eletrobras, mas até aqui não pôde em razão
de as decisões concernentes às duas áreas terem sido chanceladas pelo
Congresso: reafirmar a visão mais estatista da condução econômica, um tanto
diferente da que Fernando Haddad vem procurando imprimir nas decisões da
Fazenda, sobretudo as concernentes à política fiscal.
São decisões que representam um “lado B” em
relação às manifestações otimistas que bancos internacionais e agências de
risco têm emitido sobre o Brasil. Todas enaltecem justamente o lado
“pragmático” de um governo que não é liberal, mas vinha anunciando medidas no
sentido do pragmatismo, tanto ao se mostrar fiscalmente comprometido quanto ao
entender que as reformas liberalizantes levadas a cabo nos últimos anos — além
das citadas acima, as reformas da Previdência, a trabalhista e a autonomia do
Banco Central — são fatos consumados.
Nas áreas em que ainda pode fazer
prevalecer sua visão de desenvolvimento, Lula fará. Prates começou a entender
como a banda toca e, depois de ser acusado por setores do governo e do PT de
ter sido cooptado pela visão dos acionistas privados da Petrobras, parece
disposto a rezar pela cartilha do presidente. Dançar conforme a música para não
dançar, em resumo.
Se depender totalmente de Lula ou do grau que ele puder impor dos seus desejos e caprichos, Lula faz como Lênin, Hugo Chaves e Fidel Castro faziam e como Kim Jong-um, Vladimir Putin, Xi Jiping, Nicolas Maduro e outros fazem.
ResponderExcluirEle olha para os resultados na antiga União Soviética, na Coréia, em Cuba... acha bom e adota aqueles métodos e propostas aqui no que pode e como pode ; olha de novo, acha que aquilo é mesmo o melhor e adota mais daqueles métodos no que consegue e no grau que consegue.
Lula vai para o cenário internacional e, misturando com a presepada supostamente educada que compõe as declarações diplomáticas e usando um pouco de verniz civilizado em algumas coisas, o que confunde, Lula adota os argumentos e os interesses dos endiabrados ditadores e espinafra com as democracias.
Com Lula, militantes estreitos, defensores de propostas políticas, econômicas e ideológicas alucinadas, como Márcio Pochmann, viram grandes e respeitados intelectuais (desculpem, mas não tem como não rir).
E tem gente importante aqui no Brasil que avaliza que Lula é defensor de democracia. Chega a ser cínico, se não for ignorância ou desfaçatez!
Com todas as falhas,Lula ainda é o melhor,enquanto o Bozo é o pior,rs.
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