Folha de S. Paulo
Eles sentem-se traídos pelo Exército e
desistem do 7 de Setembro
Tal e qual acontece no Carnaval, este
Sete de Setembro não será igual àqueles que passaram. Não haverá, como em 2021,
o discurso presidencial com ameaças à democracia, promessas de desobediência à
Justiça e o aviltamento das eleições, chamadas de "farsa". Ou, como
no ano passado, o espetáculo circense, com um homem vestido de periquito e o
crânio rapado, ocupando a tribuna de honra e constrangendo o presidente de
Portugal.
De semelhante, só as cores verde e amarela, que continuarão em alta, mas utilizadas para mostrar que não foram capturadas em definitivo pelo bolsonarismo. O desfile de tanques e aviões fumacentos continua, embora o governo aposte num ambiente menos poluído. Com o slogan Democracia, Soberania e União, vai usar a data como tentativa de reverter a partidarização das Forças Armadas. Resta saber se elas estão de acordo.
O momento é confuso. Lula decidiu enviar ao
Congresso uma PEC que proíbe militares
da ativa de disputar eleições. O texto incluía a proibição de nomear
integrantes da caserna para cadeiras da Esplanada, mas a proposta acabou
retirada após um pedido do ministro da Defesa, José Mucio. Atendendo à demanda
de comandantes das Forças, que apontam insatisfação de praças e oficiais, Mucio
está batalhando para dar um aumento salarial de 9% aos militares.
Na tensão do jogo político, difícil de
contornar é a lembrança, sempre reanimada com novas revelações, da união da
cúpula do Exército com Bolsonaro na trama golpista contra as urnas, na
intentona de 8 de janeiro e até no esquema internacional de lavagem de dinheiro.
Incrível é que os patriotas, agora
seletivos, não querem exaltar o Sete de Setembro: organizam uma campanha do
tipo "fique em casa". Com o capitão fora do páreo, desistiram de sair
às ruas com camisetas "Ustra Vive" e cartazes pedindo intervenção militar
e o fim do comunismo. Sentem-se traídos pelo Exército.
Ao menos o apoio à tortura e a torturadores não virá do governo. E os canalhas que defendiam publicamente a tortura e os torturadores estão optando por ficarem CALADOS quando a Justiça lhes oferece a oportunidade de falarem e se explicarem... Calado, Bolsonaro até parece humano, um covarde se borrando de medo de que novas provas surjam de seus tantos crimes!
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