sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Andrea Jubé - Clima foi de recuperação da normalidade institucional

Valor Econômico

O principal contraponto deste 7 de Setembro em relação à comemoração do ano passado foi a recuperação do ambiente de normalidade institucional, o respeito à democracia e a retomada do caráter cívico-militar, que a gestão anterior havia convertido em atos político-partidários.

Com esquema de segurança reforçado em decorrência dos atos de vandalismo de 8 de janeiro, não houve multidão nas ruas como no passado com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas famílias compareceram usando verde e amarelo num clima de tranquilidade e festa democrática.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu no palanque chefes de Poderes que nos anos anteriores não compareceram ao ato devido à crise institucional. Estavam ao lado de Lula a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de outras autoridades civis e dos três comandantes das Forças: general Tomás Miguel Paiva (Exército), almirante Marcos Olsen (Marinha) e tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno.

A escalada das agressões de Bolsonaro às instituições afastou os chefes de outros Poderes da celebração nos anos anteriores. No ano passado, em meio a milhares de apoiadores, Bolsonaro puxou um coro de “imbrochável”. Em 2021, Bolsonaro declarou que não cumpriria decisões do STF, e chamou o ministro Alexandre de Moraes de “canalha”.

Ainda em 2022, Bolsonaro acomodou ao seu lado no palanque o empresário Luciano Hang, da Havan. Semanas antes, Hang havia sido alvo de operação da Polícia Federal pela suspeita de defender um golpe de Estado em conversa com outros empresários num grupo de Whatsapp.

Desde 2021, em meio aos ataques bolsonaristas às instituições, o 7 de Setembro ocorria travestido de festa bolsonarista. Naquele ano, caminhões e manifestantes à pé invadiram a Esplanada na noite de 6 de setembro, gerando ceio de depredação da sede do STF - receio concretizado meses depois, em janeiro de 2023.

É o contraponto institucional que distingue a celebração deste ano, na linha do pronunciamento de Lula em rede nacional de rádio e televisão, no qual ele exaltou a democracia, a soberania e a união do país. Lula não mencionou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A justificativa é que a resposta aos atentados se materializou na festa deste ano, em clima de democracia e paz institucional.

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