Folha de S. Paulo
Livro mostra efeitos de transtornos e doenças
mentais sobre governantes
Idi Amin Dada foi um dos mais brutais ditadores da África, continente pródigo em ditaduras brutais. Governou Uganda nos anos 70, quando mandou torturar e matar uns 300 mil. Tomou várias decisões com base em caprichos que depois prejudicaram seu governo. Gostava de atribuir a si mesmo títulos grandiosos como "senhor de todos os animais da terra e peixes dos mares". Idi Amin era louco? E Hitler? Stálin? Putin? Trump?
As imbricações entre loucura e poder são uma
constante na história da humanidade. Estudo de 2006 mostra que quase a metade
dos presidentes americanos experimentaram problemas de saúde mental, como
depressão, ansiedade e abuso de substâncias. E não necessariamente para o mal.
Abraham Lincoln, tido como um dos melhores se não o melhor líder do país,
lidava com uma depressão importante.
O psicólogo Christopher Ferguson conta essas
e muitas outras anedotas em "Como a Loucura Mudou a História". Eu
sabia que o imperador Heliogábalo era estranho, mas não tão estranho. O livro,
contudo, é bem mais do que um compêndio de fofocas históricas. Ferguson discute
a própria noção de saúde mental.
Embora utilizemos o termo "loucura"
com liberalidade na linguagem do dia a dia, é preciso distinguir as doenças
mentais, que fazem com que um indivíduo altere seus comportamentos, dos
transtornos de personalidade, que são características que definem a própria
identidade da pessoa. Embora ambos possam afetar os poderosos, são os segundos
que marcam os tiranos mais destrutivos. O destaque aqui é a tríade sombria, a
combinação de narcisismo, psicopatia e maquiavelismo, que aparece em Hitler e
Mao. Acrescente uma boa dose de paranoia à tríade e você obtém um Stálin.
Já afastando-se das lideranças políticas, Ferguson pincela algumas das loucuras da própria sociedade, incluindo religião, pânicos morais, lacrações e cancelamentos, além, é claro, de votar em certos tipos de malucos.
Faltou Bolsonaro na lista,rs.
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