Folha de S. Paulo
Ex-presidente pode ficar impune em sua
falta mais grave
As investigações sobre Jair
Bolsonaro e seu entorno estão avançando. A mais adiantada delas
é a relativa às joias das
Arábias, que foram indevidamente surrupiadas ao patrimônio público
ao qual deveriam ter sido incorporadas e submetidas a descaminhos variados. O
ex-presidente já foi até chamado a depor nesse inquérito e, por orientação de
seus advogados, manteve-se num embaraçoso silêncio.
E o caso das joias está longe de ser a única encrenca judicial de Bolsonaro. Consideradas todas as instâncias, ele está metido em cerca de duas dezenas de inquéritos. Dos que estão sob o tacão do STF, destacam-se o inquérito das fake news, da interferência na PF, do vazamento de documentos sigilosos e dos atos de 8 de janeiro. Há ainda investigações no âmbito da Justiça Eleitoral, da Justiça Federal e de Justiças estaduais.
Não sou o maior fã do punitivismo em geral,
em especial não das penas de prisão, mas obviamente acho que as pessoas,
notadamente autoridades e ex-autoridades, precisam responder por seus atos. O
que me inquieta na situação de Bolsonaro é que aquela que me parece ser a mais
grave de suas faltas, a profusão de mortes
desnecessárias durante a pandemia, é a que tem maiores chances de
ficar impune. Um bom indicativo disso é que o ministro Cristiano
Zanin acaba de extinguir duas ações em que partidos políticos
questionavam omissões do ex-presidente durante a epidemia.
Até compreendo que crimes omissivos sejam
mais difíceis de provar do que os comissivos. Formas do não-ser são mais sutis
que as do ser. Mesmo assim acho que passamos a mensagem errada quando permitimos
que a morte de dezenas, talvez mesmo de centenas de milhares de brasileiros,
que podem em alguma medida ser atribuídas a inações do então dirigente máximo
do país passem batidas. É como se disséssemos que o cargo de presidente vem sem
obrigações, o que é um modo de inviabilizar a própria organização social.
Tem as rachadinhas,dinheiro público para pegar gente,auxílio mudança já morando em Brasília,tem vários crimes.
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