Folha de S. Paulo
Crise econômica na China poderá pôr à prova
resiliência do Partido Comunista
Pelo que leio em jornais e revistas, desta
vez a crise
econômica na China é diferente. Embora o gigante asiático já
tenha frustrado várias vezes prognósticos funestos de especialistas, as
dificuldades agora enfrentadas não seriam meramente conjunturais, mas
estruturais. Até a demografia contribuiria para as adversidades. A conferir.
O que me interessa hoje é mais a política que a economia. A China vem há algum tempo desafiando os institucionalistas. Para os representantes dessa escola de pensamento, não seria possível conciliar o crescimento sustentável com a ausência de democracia. Para prosperar, sociedades dependem de instituições abertas, que promovam liberdades. Sem elas, o longo prazo fica mais difícil, tanto para a alocação eficiente dos recursos como para o desenvolvimento de ciência e tecnologia.
E sabemos que os institucionalistas não
estão totalmente errados. Prova-o o experimento natural das Coreias. O mesmo
povo com acesso a recursos naturais semelhantes se viu, há menos de um século,
dividido em dois por um percalço da história. O Norte adotou um regime
comunista particularmente fechado. Tornou-se uma das nações mais pobres da
Ásia. Já o Sul, embora tenha começado como uma ditadura, acabou abraçando
instituições democráticas. É hoje um país rico que se destaca em educação.
Ponto para os institucionalistas, mas daí não decorre que a democracia seja
necessariamente indispensável ao crescimento.
É aí que a China pode se tornar outro
experimento natural. Não são poucos os que descrevem a relação dos chineses com
o Partido Comunista como um arranjo comercial. Enquanto o governo entrega altas
doses de prosperidade à população, ela não questiona a legitimidade dos
dirigentes. Se a crise for mesmo estrutural, a ditadura chinesa deixará pela
primeira vez em décadas de cumprir a sua parte. Como a população reagirá? Entra
aqui o segundo "a conferir" da coluna.
Pois é,a conferir.
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