Lula voltou a abrir uma Assembleia-Geral da ONU e trouxe consigo sua velha obsessão de obter para o Brasil uma vaga permanente no Conselho de Segurança (CS) da organização. Nunca vi esse pleito com entusiasmo, mas, desde Jair Bolsonaro, passei a militar ativamente contra a causa. Digamos que o Brasil não seja suficientemente estável para ocupar a posição.
Com Lula, a vaga permanente no CS nos exporia, no pior cenário, a algumas situações embaraçosas, como a de ver o Brasil defendendo ditaduras com as quais o presidente simpatiza. Seria constrangedor, mas nada que vá além do que os atuais membros permanentes já fazem. Não alteraria para pior o sistema de governança global.
Só que Lula não é eterno. Em 2027 ou em 2031, ele deixará o cargo e não há garantia de que não será substituído por um representante da extrema direita com pautas semelhantes às de Bolsonaro. O último Datafolha mostrou que o contingente populacional de bolsonaristas convictos é de 25%, contra 29% de petistas renitentes. Não é necessário mais que uma crise econômica no último ano de governo para empurrar para as bandas da oposição eleitores independentes em número suficiente para promover a troca de guarda no Alvorada.
E, com um dirigente do tipo Bolsonaro, a vaga permanente para o Brasil poderia resultar em mais do que meros vexames. Se o posto viesse com poder de veto, aumentariam as chances de o mundo experimentar retrocessos em áreas como a ambiental. A governança global poderia mudar para pior.
É verdade que, com Trump na Casa Branca, a ONU assistiu à degradação comparável. Mas há uma diferença. Um sistema internacional sem os EUA não vale nada; já o Brasil é totalmente opcional. Não acho que haverá reforma no CS e se, por milagre, ela ocorrer, duvido que as potências atuais aceitem diluir seu poder concedendo o condão do veto a novos membros, mas o seguro morreu de velho. CS da ONU, t’esconjuro.
Cruzes!
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