Folha de S. Paulo
País não tem projeto pragmático de
aproveitar mudanças rápidas na economia mundial
China e Alemanha não
têm estado lá muito bem depois da epidemia. O PIB da China é o segundo maior do
mundo; o da Alemanha, o quarto. Os problemas chineses e alemães parecem um tanto
luxuosos. Afinal, vivemos
em um país semipobre e de baixo crescimento faz 40 anos.
Ainda assim, uma crise chinesa maior teria
repercussão global, grande aqui. As dificuldades, por assim dizer, alemãs
deveriam ser mais um motivo para pensarmos o que fazer da alteração da ordem
econômica mundial.
Considerada a taxa média de crescimento da última década e extrapolando tal ritmo para o futuro, o PIB da Índia deve ultrapassar o da Alemanha e o do Japão em cinco anos. 2027. Ali na esquina. O conflito sino-americano, entre outros motivos, influencia mudanças em investimentos internacionais e em definições de tecnologia.
Tudo isso é sabido, mas em geral encarado
como ruído de fundo por aqui, sem que a percepção dessas tendências se traduza
em medidas práticas.
Sim, temos visto a importância que a
diplomacia luliana dá ao "Sul Global", ao "Brics Plus", a
uma moeda que abale o dólar e coisas assim. O que temos feito, porém, a fim de
aproveitar logo capitais sobrantes no mundo e as reorientações geográficas de
investimento? A fim de tirar algum proveito do novo peso relativo das
economias? De tentar uma abertura maior para comércio e investimento, dadas
essas mudanças?
Não costuma ser uma conversa do Brasil, um
país que mora longe e, na prática, alheio às mudanças do mundo. Até que elas
arrombem a nossa porta.
A China tenta manter a taxa de crescimento
em ao menos 5% ao ano, ritmo que, para nós, seria uma graça dos céus. Tem de
lidar com o risco de crise maior, talvez financeira também, pois houve
superinvestimento no setor imobiliário. Seu crescimento, baseado em muita
poupança, investimento, pouco consumo e escassa proteção social, talvez precise
ser revisado.
"Talvez". Os prognósticos para a
China têm estado errados faz uns 20 anos. Desde a crise que explodiu em 2008,
de matriz americana, o PIB (renda) per capita chinês cresceu 145%. O do Brasil,
7,3%. O da Índia, quase 92%. Coreia do Sul, 41%. EUA, 16,7%. Alemanha, 12,4%.
A economia alemã recuperara-se bem da crise
de 2008-2012, mas passou a fraquejar em 2017. Não saiu bem da epidemia. Em
relação a 2019, o PIB per capita alemão regrediu 0,6% (até fins de 2022); o da
eurozona (Alemanha inclusive) cresceu 1,8%; o da União
Europeia, 2,9%; o dos EUA, 3,6%.
A
Alemanha padeceu especialmente com a crise mundial de energia que começou em
2021 e piorou com a guerra de Vladimir Putin. Ainda assim, o PIB per
capita alemão, mesmo em paridade de poder de compra, é 3,5 vezes o do Brasil,
7,5 vezes o da Índia e o triplo do chinês.
A Alemanha também padece por causa da
China, seu segundo maior mercado, que fraqueja um tanto e que
também passa a vender mais carros, um grande negócio de exportação alemão.
A Alemanha enfrenta ainda problemas como envelhecimento, falta de mão de obra
qualificada, burocracia excessiva e tecnologicamente envelhecida.
Não, a Alemanha não vai entrar em parafuso.
Nem tem importância direta maior para a economia brasileira. Ainda assim,
merece atenção. Ignoramos também a distante Índia, que logo será tão grande
quanto a Alemanha. Não prestamos atenção ao México, que nos últimos 30 anos
conseguiu ter um desempenho econômico ainda pior que o do Brasil, mas que pode
se beneficiar da "reocidentalização" de investimentos americanos, por
exemplo.
Falamos de ocupar um lugar fixo no comando
da ONU. Mas não temos meios nem de ajudar a vizinha Argentina. Muito pior,
não temos um plano de ter um assento permanente de destaque na economia mundial
em mudança rápida.
O crescimento industrial com desemvolvimento tecnológico e de mão de obra de economias situadas no mesmo grupo do Brasil --Índia, Mexico, Vietnam..., com o Brasil retrocedendo na qualidade da educação, sem investimento em pesquisa e tecnolocia, entregue a corruptos, desmontando os instrumentos de combate à corrupção e anulando as punições de corruptos já decididas, como acaba de ser denunciado pela organização "Transparência Internacional", NÃO VAI FAZER DESTE LUGAR UM BOM PAIS !
ResponderExcluirE ainda por cima disso tudo o Brasil está sendo isolado do intercâmbio e cooperação tecnológica com os Estados Unidos e Europa e até, de vários modos, inclusive com ofensas por parte do PT e de Lula, se tornando inimigo destes paises democráticos, desenvolvidos e progressistas, de onde o Brasil copiou algum progressismo que tem e recebeu algum treinamento e adquiriu tecnologia e agora, para agradar à China e ao truculento Xi Jiping e à Rússia e ao carniceiro Vladimir Putin, se alia ao atraso e às ditaduras e agride a parte progressista e desenvolvida do mundo, no lugar de colaborar, neste momento em que os progressistas e democratas estão sofrendo com uma articulação dos regimes autoritários para destruir as democracias e com as democracias da Europa passando pelo drama que passam com a agressão de Rússia e China à Ucrânia.
O Brasil foi jogado em um grande buraco a partir de 2007. Estamos aprofundando o buravo, e desta vez estamos também isolando k Brasil do mundo livre e desenvolvido.
Pois é.
ResponderExcluir