Folha de S. Paulo
Estrutura do Estado pode ser mercado atraente
para facções e agentes que jogam o jogo da corrupção
O shopping center do crime está aquecido. Em
setembro, traficantes do Rio receberam uma oferta em vídeo para comprar metralhadoras
calibre .50 pela bagatela de R$ 180 mil cada. Policiais apontaram que as
armas haviam sido desviadas
de uma unidade do Exército em São Paulo.
O sumiço de 21 metralhadoras do arsenal militar mostra como a estrutura do Estado pode ser um bom ambiente de negócios para os criminosos. Há tempos, traficantes e milicianos fazem transações em delegacias e batalhões. Nesta quinta (19), a PF prendeu quatro policiais civis suspeitos de vender toneladas de maconha para o Comando Vermelho.
A cobiça também alcança os quartéis das Forças
Armadas. De 2011 a 2020, o Exército registrou o desvio de 41 pistolas,
fuzis, metralhadoras e espingardas, segundo dados obtidos pelo Instituto Sou da
Paz. Os militares dizem que a maioria foi extraviada durante operações "em
decorrência de fatores adversos", sem participação de agentes.
Desta vez, foram 21 armas furtadas de uma
vez, dentro de uma unidade monitorada por militares, com suspeita de
envolvimento de três agentes. O Exército acredita que as metralhadoras, que
estavam no arsenal para manutenção, desapareceram perto do feriado de 7 de
Setembro.
As polícias e o Exército são um mercado
atraente para criminosos que encontram agentes dispostos a jogar o jogo da
corrupção. Nesse negócio, eles podem ter acesso a armas de uso restrito e
munição farta. Pagando o preço certo, levam equipamentos sem dar um único tiro,
driblam uma fiscalização naturalmente frouxa e até abafam investigações.
O Exército e a Polícia Civil do
Rio mostraram serviço depois do desvio das 21 metralhadoras. Depois de
identificar os principais suspeitos, oito
armas foram recuperadas.
Nem sempre é assim. Em 2015, uma CPI da
Assembleia Legislativa do Rio descobriu que quase 300 armas haviam sido
desviadas da PM fluminense nos dez anos anteriores. Dezenas de inquéritos foram
instaurados, mas poucos seguiram até o fim.
Desapareceram justamente no 7 de setembro? Meio esquisito, não?!
ResponderExcluirPois é...
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