Folha de S. Paulo
Soaram exageradas algumas análises sobre o
papel do Brasil no Conselho de Segurança da ONU
Daqui a uma semana o Brasil deixa a
presidência temporária do Conselho de Segurança da ONU. O fim do
mês de outubro marca também a volta do país à sua real dimensão no contexto da
guerra entre Israel e
o Hamas,
num cenário de muitas incertezas sobre a possibilidade da expansão do conflito na
região.
Sem dúvidas há tratativas importantes das quais o Itamaraty e o presidente Luiz Inácio da Silva, ao lado do conselheiro e ex-chanceler Celso Amorim, participam, bem como é de se reconhecer o incansável esforço diplomático. Sem nos esquecermos de dar os méritos devidos à operação de resgate dos brasileiros de solo israelense.
No que estava ao alcance, nossas autoridades
saíram-se muito bem. Da celeridade da convocação do conselho logo após o ataque
terrorista ao empenho na busca de uma resolução, ou ao menos uma declaração, em
prol de ações humanitárias e no apelo a alguma racionalidade estratégica no
enfrentamento da situação.
Tudo na correta proporção do que era possível
na conjuntura. Desproporcionais foram algumas reações (no jornalismo) um tanto
jecas e de travo ufanista sobre o papel do Brasil, cujo protagonismo era transitório
e devido a circunstância específica.
Destacou-se como sinal de extrema reverência
o convite para
participar da cúpula do Egito, gesto natural decorrente da posição
ocupada pelo país naquele momento.
Antes soaram superlativas as análises sobre o
infrutífero resultado da tentativa de se obter uma posição conjunta no conselho.
Não foi uma derrota nem uma vitória brasileira, como se apontou pelo fato de
ter havido 12 votos favoráveis, 2 abstenções e apenas o veto decisivo
dos Estados Unidos.
Os americanos ficaram com o ônus já esperado
pelos outros países que, sabedores do veto, confortavelmente aprovaram a
resolução ou se abstiveram de se posicionar.
Quando não se sopesam corretamente os fatos,
presta-se serviço à desinformação.
Sei.
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