Valor Econômico
Governo precisa governo intensificar a
disputa política com a oposição e afinar a comunicação interna e externa
Um episódio em torno da entrega de
ambulâncias do Samu 192 pelo Ministério da Saúde em São Paulo ilustra a
urgência de que, a um ano das eleições municipais, o governo intensifique a
disputa política com a oposição e afine a comunicação interna e externa, com
eleitores do PT e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Pesquisas recentes levadas a público, bem
como levantamentos internos que circulam entre ministros do Palácio do
Planalto, acenderam um sinal de alerta no governo ao demonstrarem que a melhora
de índices econômicos - como a queda da inflação e do desemprego - não bastam
mais para segurar o eleitor.
Sondagens divulgadas recentemente, bem como aquelas confiadas ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, indicaram queda expressiva na avaliação do governo no segundo semestre.
Os números geraram perplexidade entre
auxiliares presidenciais e cientistas políticos porque os preços de alimentos,
inclusive da carne, caíram nos supermercados. A taxa Selic mantém a curva
decrescente, a inflação está sob controle e o desemprego refluiu.
Porém, os números mostraram que o eleitor
está insatisfeito. Alguns analistas atribuíram o mau humor ao resgate de temas
de costumes, como a legalização das drogas e do aborto - que estavam
adormecidos após o fim da campanha eleitoral, mas foram pautados pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) nos últimos meses.
A conclusão levada ao Planalto por alguns
analistas foi de que o eleitor não dissocia mais a eventual melhora da economia
do debate de valores. Atenta a esse movimento, a oposição atuante nas redes
sociais reavivou, até mesmo, a máquina de “fake news” contra o governo, segundo
confirmaram fontes do Palácio à coluna.
Analistas ouvidos pelo Planalto argumentam
que o governo precisa ir além do debate sobre o ajuste fiscal, e retomar o
embate político com a oposição, se não quiser ajudar a eleger bolsonaristas em
2024.
Foi nesse contexto que a coluna ouviu
reclamações de alguns deputados do PT de que, no dia 18 de outubro, a ministra
da Saúde, Nísia Trindade, teria comandado cerimônia de entrega de 20
ambulâncias a prefeitos paulistas sem convidar políticos do PT e demais
partidos da coalizão governista - o que não ocorreu.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), um dos
mais atuantes da bancada, foi uma dessas vozes. Ele relatou que visitou o
município de Novo Horizonte (SP) no dia 26 de outubro - oito dias depois da
entrega dos veículos - e surpreendeu-se com a exibição de uma ambulância diante
da prefeitura. O prefeito Fabiano Belentani, do PL, vangloriava-se junto aos
moradores da conquista, paga com recursos federais.
“Se eu soubesse da entrega da ambulância, o
diretório do PT e outros aliados teríamos organizado um ato para receber o
veículo”, argumentou. O PT tem quadros competitivos para concorrer à Prefeitura
de Novo Horizonte no ano que vem.
Zarattini também relatou que, na última
semana, visitou o município de Juquitiba, que vai favorecer com emendas
parlamentares para reformar o campo de futebol. Lá ele tomou conhecimento pela
oposição de que o governo vai concluir a quadra de esporte da escola municipal,
que estava paralisada há anos.
“Agora é o prefeito de direita que vai
faturar com a obra”, criticou. A empreitada é do Ministério da Educação,
comandado pelo ex-governador do Ceará Camilo Santana, do PT.
Para Zarattini, não está certo que um
deputado federal do PT chegue a um de seus redutos eleitorais e saiba pelos
adversários de uma obra do governo federal que vai favorecer a cidade. “São
oportunidades que perdemos para fazer a disputa política”, alertou.
A entrega de ambulâncias, sobretudo para
cidades do interior, é um dos atos que mais gera dividendos aos prefeitos,
sobretudo às vésperas das eleições municipais.
Contudo, ao contrário do que circulou entre
alguns petistas, políticos do PT e da base aliada foram convidados para a
entrega das ambulâncias. Dois dias antes do ato, a assessoria do ministério
disparou convites, por e-mail e celular, para deputados federais, estaduais,
senadores, prefeitos e vereadores do PT e demais legendas da base aliada.
Mas o evento ocorreu numa quarta-feira, dia
de votações em Brasília. Zarattini ponderou que esses atos deveriam ocorrer nas
segundas ou sextas-feiras, quando os parlamentares estão em suas bases.
Aliados da ministra argumentam que ela fez a
disputa política na melhor acepção do termo. Prefeitos e parlamentares da base
foram convidados para o ato. A entrega simbólica das chaves foi feita ao
prefeito de Matão, Cido Ferrari, que é do PT.
Houve ruído na comunicação. Zarattini
ponderou que os deputados federais deveriam ter acesso às obras dos ministérios
que estão em andamento em seus redutos eleitorais, e que os ministros,
sobretudo aqueles do PT, deveriam se reunir com a bancada federal. Mas, segundo
ele, não há diálogo.
É um cenário adverso para o PT a um ano do
pleito municipal. De 2012 pra cá, a sigla perdeu mais de 400 prefeituras. Em
2020, não elegeu prefeito de capital. O governo não pode se restringir ao
debate sobre a meta fiscal. O que está valendo é o slogan ao contrário do
marqueteiro de Bill Clinton: não é mais a economia, estúpido.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir■Que coluna estranha!
ResponderExcluir▪Esta coluna é, lamentavelmente, a pregação escancarada da "Prática Centrão" do PT/PP/PL/PSD/etc... Por que será que esta jornalista está repercutindo as queixas fisiológicas de uns em vez de condenar esta prática fisiológica e clientelista de todos?
Depois a jornalista quer crédito como jornalista:: isto que ela fez não é de nenhum modo o papel de jornalista. Ela pode ganhar o crédito de segmentos clientelistas e fisiológicos que vivem dos intestinos do Estado, como cupins infestado madeira ; mas crédito como jornalista, assim ela não ganha!
Onde já se viu jornalista escrever nota de queixa de políticos fisiológicos e clientelistas? E escrever sem nenhum espírito crítico em relação à prática!
E, também, onde já se viu ter um Governo que não resolve os desequilíbrios econômicos que ele próprio criou por anos afora com gastança e que ainda pede autorização para gastar e gastar mais e, em vez de resolver os desequilíbrios fica inaugurando... ambulância?
E veja bem: ambulância comprada com o nosso dinheiro!
■Sofrível, irrelevante e equivocada em relação ao papel do jornalismo, inclusive em relação ao papel pedagógico do jornalista, esta colunista.