Folha de S. Paulo
Tietes de Bolsonaro batem em Tarcísio, e
devotos de Lula não perdem a chance de beliscar Haddad
Alguma coisa acontece na cabeça dos mais
entusiasmados adeptos de Luiz Inácio da Silva e de Jair
Bolsonaro que os faz atacar ora discreta, ora abertamente, aqueles
tidos como possíveis sucessores dos chefes das torcidas.
Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas têm sido alvos nos respectivos campos de ofensivas, cujo objetivo ainda não está claro, mas cujas ações já merecem registro. Bolsonaristas batem sem dó no governador de São Paulo e no prefeito Ricardo Nunes, candidato dele à reeleição em 2024. Ainda que mais comedidos, lulistas não perdem a chance de beliscar Haddad.
Qual a finalidade? Talvez consignar que os
líderes dos times são insubstituíveis na manutenção da lógica da lacração que
tomou conta da política.
Tanto o governador quanto o ministro da
Fazenda de fato não se enquadram no perfil nem se prestam a esse papel. São
ambos construtores, diferentes no modo demolidor de adversários com o
qual Lula e
Bolsonaro forjaram suas personas.
Por algumas atitudes do presidente e de seu
antecessor supõe-se que o serviço dos seguidores os agrade, pois não manifestam
desagrado às investidas. No palanque, os dois não se desgrudam adeptos que são
do movimento pendular em que a rejeição de um alimenta a aprovação do outro.
Não são eternos, em algum momento precisarão
ser substituídos, a fim de que seus seguidores tenham algum futuro. Daí que o
fogo amigo se configura em inimigo com tiros direcionados aos próprios pés.
Embora o jeito mais moderado de Haddad e
Tarcísio não agrade aos mais radicalmente apegados ao passado, a continuidade
dessas linhagens ideológicas e seus respectivos projetos políticos pode
depender deles. Um construiu a viabilidade econômica da governança para a
esquerda, e o outro mostrou que nem tudo são arreganhos obsoletos na direita.
Portanto, até em nome da sobrevivência
conviria pôr um freio no andamento desse andor.
Verdade.
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