Folha de S. Paulo
A insegurança sem resposta do Estado alimenta
plataformas políticas da extrema direita
O Datafolha revelou que a saúde lidera
o ranking de preocupação dos brasileiros, à frente da
educação e da violência.
Esta mostrou uma queda, de 17% em setembro para 10% em dezembro. No entanto,
50% avaliam como ruim e péssima a gestão do governo federal na segurança. Para
piorar, Lula ainda não indicou o novo ministro da Justiça e discute se refaz o
Ministério da Segurança.
Talvez por isso o governador do Rio não deu palavra sobre os recentes casos de ataques e furtos em Copacabana, espetacularmente flagrados por câmeras e exibidos à farta na internet. Cláudio Castro —que trocou o comando da polícia por pressão de deputados e recriou a Secretaria de Segurança para abrigar um aliado de Flávio Bolsonaro— deve achar que nada tem a ver com o bode. Ou está mais interessado na candidatura de Alexandre Ramagem a prefeito.
A insegurança amedronta. Ela é real, bárbara,
sufocante. Mas não é, como muitas pessoas supõem, um privilégio do Rio (não
faço aqui a defesa da minha cidade, vivo assustado e precavido como todo
carioca). Em outro do ranking, o Brasil se destaca com 11 das 50 cidades mais
violentas do mundo por homicídios a cada 100 mil habitantes. A situação é um
combustível para plataformas políticas, sobretudo as de extrema direita, que
visam o Planalto e os palácios estaduais.
Em 2018 a televisão exibiu um Carnaval
marcado por arrastões. O prefeito Marcelo Crivella estava na Europa. Os índices
de violência se mantiveram estáveis, mas as imagens fortes motivaram a
intervenção comandada pelo general Braga Netto e o fortalecimento político dos
militares.
Igual a 2015, ressurgem os justiceiros,
armados com tacos e socos-ingleses, que prometem fazer uma limpeza na zona sul
da cidade. No roteiro previsível, tramita na Alerj um projeto de deputado
bolsonarista para criar a função de guardiões da segurança. Ou seja, legalizar
a milícia playboy.
Nem pensar...
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