O Globo
Fragilizado por investigações, governador do Rio já assumiu cargo na mira da polícia
Num estado que já havia visto de tudo,
Cláudio Castro conseguiu inovar. Assim que chegou ao poder, foi alvo de uma
operação policial.
O governador teve a casa vasculhada em 28 de
agosto de 2020, por ordem do Superior Tribunal de Justiça. No mesmo dia,
assumiu a cadeira de Wilson Witzel, afastado sob acusação de desviar verbas da
saúde.
Witzel, o breve, nunca voltou ao cargo. Teve
o mandato cassado pela Assembleia Legislativa. Castro, o interino, virou
governador permanente. Mas nunca se livrou das suspeitas de corrupção.
O bolsonarista é assombrado por um vídeo que veio à tona nas primeiras semanas de sua gestão. Na imagem, gravada em 2019, ele caminha de mochila nas costas por um shopping da Barra da Tijuca.
Castro foi visitar a Servlog, que mantinha
contratos milionários com a Fundação Leão XIII. Preso, um administrador da
empresa disse que o então vice-governador saiu do encontro com R$ 100 mil em
dinheiro vivo. Ele nega ter recebido propina e se diz vítima de uma “indústria
da delação”.
Nesta quarta, a Polícia Federal deflagrou
outra operação para apurar o caso. O principal alvo foi Vinícius Sarciá Rocha,
que Castro apresenta como seu “irmão de criação”. O investigado é presidente da
AgeRio, a agência estadual de fomento. Como os dois não têm laços sanguíneos, o
governo alega que sua nomeação não feriu as regras antinepotismo.
Castro não voltou a ser alvo de buscas, mas o
STJ determinou a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telemático. A
decisão fragiliza o governador e levanta novas dúvidas sobre seu prazo de
validade no cargo.
Reeleito em 2022, o vice de Witzel abandonou
rapidamente o tom otimista da campanha. Há dois meses, ameaçou um quadro de
“fome” e “quebradeira” se o estado não receber novo socorro financeiro da
União.
O governador também patina na área da
segurança. Em outubro, tentou negar a onda de violência e disse que a
Secretaria de Segurança Pública “não fazia a menor falta”. Em novembro,
anunciou a recriação da pasta, alegando que “a gestão é viva”.
O Rio já teve cinco governadores presos e um
cassado. Na mira da polícia, Castro termina o ano mais próximo de repetir os
antecessores.
Coitado do Rio de Janeiro,uma maldição caiu sobre o estado.
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