Folha de S. Paulo
Com cargos no governo, União Brasil, PP e
Republicanos estão mais próximos de candidatura adversária do que da reeleição
Às vésperas da campanha de 2014, Aécio
Neves lançou uma cantada indecorosa para os partidos que ocupavam
ministérios de Dilma Rousseff. O tucano sugeriu que as siglas deveriam extrair
o que pudessem e, depois, apoiar sua candidatura. "Eu digo para eles:
façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e, depois, venham para o nosso
lado."
Lula tem
alguns daqueles vampiros alojados na Esplanada dos Ministérios e em bancadas
que, no papel, formam a base aliada de seu terceiro mandato. O Palácio do
Planalto aceitou pagar um preço salgado pela ajuda do centrão em votações de
interesse do governo, mas não comprou o apoio do grupo para 2026.
Dentro da coalizão de Lula, é considerada certa apenas a adesão das siglas de esquerda à reeleição, mas dirigentes do MDB e do PSD já manifestaram interesse numa aliança em torno do petista para mais um mandato. Já União Brasil, PP e Republicanos, bem alimentados por acordos com o governo, têm simpatia inequívoca pelo campo adversário.
As preferências expressas por esses três
partidos nas votações do Congresso estão distantes da agenda de Lula. Não foram
poucas as vezes em que legendas da base aliada deram
sustentação a posições vinculadas ao bolsonarismo. É um comportamento que,
na prática, limita as ações que o governo espera apresentar ao eleitor.
Além disso, a operação política desse grupo
nos ministérios, sem surpresas, é dedicada ao fortalecimento de seus próprios
interesses eleitorais. O centrão pode manter o governo de pé, mas a rede de
prefeitos e deputados beneficiados pela verba federal provavelmente estará a
serviço de um candidato de oposição na próxima eleição presidencial.
A não ser que Lula chegue ao fim do mandato
com uma popularidade arrasadora, sua base aliada corre risco considerável de
sofrer uma desidratação em 2026. Isso significa ter um ano final com
instabilidade no Congresso e, pior ainda, ver uma
máquina abastecida pelo governo trabalhar a favor de um rival.
Vampiros bolsonarescos!
ResponderExcluirPois é.
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