Folha de S. Paulo
Ministro recebe apoio para plano de ajuste e
missão para encontrar dinheiro para obras do governo
Não foram poucas as vezes em que Lula fez
vista grossa para a artilharia interna contra Fernando
Haddad. O presidente decidiu encerrar o ano com votos mais generosos
para o auxiliar. Ao reunir o time de ministros, o chefe fez uma manifestação
explícita de satisfação com o trabalho do titular da Fazenda e indicou a
renovação de um pacto.
No breve discurso de abertura do encontro desta quarta-feira (20), Lula dirigiu dois elogios diretos e nominais a Haddad. Depois, sinalizou respaldo à agenda do ministro: disse que o governo trata "com muita seriedade a questão econômica" e afirmou que manterá os mesmos princípios em 2024, sem "mágica" nem "cavalo de pau".
Depois de dar mais do que um punhado de
declarações a favor do afrouxamento das contas do governo, o presidente usou a
última reunião ministerial para manter as cordas nas mãos de Haddad. Com o
recado, o presidente preserva a autoridade do ministro, mas também amplia a
pressão que haverá sobre ele no segundo ano de governo.
Se não acreditasse nos efeitos de um ajuste
na economia, Lula não teria arbitrado tantas disputas a favor de Haddad em
2023. O presidente, no entanto, sempre deixou claro que não seguiria esse plano
ao custo de grandes tesouradas —uma cobrança que estará ainda mais presente no
ano que vem, com uma
promessa de mais investimentos.
Na semana passada, Lula estabeleceu
diretrizes para 2024 ao falar na ampliação de obras do governo e completou:
"Eu não quero saber onde a gente vai ter dinheiro". A frase foi
entendida como mais uma pá de terra sobre a meta de déficit zero. Foi também
uma ordem direcionada a Haddad para o próximo ano.
O ministro convenceu Lula de que será
possível perseguir um equilíbrio nas contas sem cortes que comprometam os
planos do governo. O presidente tem suas dúvidas, assim como todos os ministros
mais fortes da Esplanada. A missão de Haddad será garantir o dinheiro, seja com
mais arrecadação, seja com déficit.
Pois é.
ResponderExcluir