O Estado de S. Paulo
Brasil, entre Milei e sua vidente ao sul e o ditador Maduro ao norte. Às “armas”, Lula!
Na Argentina, ao sul, toma posse neste
domingo o anarcocapitalista Javier Milei, que foi alçado à condição de
candidato a presidente pela médium que o conectava com a alma de Conan, seu
cachorro morto. Na Venezuela, ao norte, o ditador Nicolás Maduro manda
“mensagens do além” para a Guiana, enquanto avança para anexar 70% do
território da vizinha Guiana. O Brasil está bem no meio disso, geográfica,
diplomática e politicamente.
Após a queda de um helicóptero militar da Guiana, Maduro discursou para os (eleitores) venezuelanos. “Isso é uma mensagem do além: não mexa com a Venezuela, quem mexe com a Venezuela vai se dar mal.” Coisa de louco! Assim, além de trocar as bolas, porque é a Venezuela que “mexe” com a Guiana, ele ensina uma dura lição: Lula mantém suas crenças, discursos e métodos de duas décadas atrás, mas a realidade é outra. O mundo, a América do Sul e o próprio Brasil mudaram.
Milei começou a guerra contra Lula, com
xingamentos, e Lula assumiu ostensivamente o apoio ao adversário dele, Sérgio
Massa, contrariando a regra de não intervenção em assuntos internos de outros
países. Como o que começa mal tende a ir mal até o fim, não vingou a versão das
duas diplomacias de que havia o Milei da campanha e outro do governo. Já na
sexta-feira, o “do governo” confraternizava com Jair Bolsonaro, sem entender
que é Lula quem tem a caneta e o poder para ajudar ou não a Argentina, afundada
em crises.
Enquanto isso, a crise ao norte gera mais e
mais insegurança. Todo mundo aposta que Maduro não invadirá a Guiana, como
ninguém acreditava que Putin atacaria a Ucrânia, Gualtieri confrontaria a
Inglaterra pelas Malvinas, Hitler tomaria a Polônia. Nunca se pode menosprezar
megalomaníacos insanos. Assim como Milei, Maduro é um deles e não há o que
“negociar” entre Venezuela e Guiana e sim chamar Maduro à razão. Ah! Ele não é
louco de enfrentar o poder bélico dos EUA? Ok. O Hamas não seria louco de
enfrentar o de Israel, mas foi. E morreram 1.200 israelenses, com estimativa de
mais de 15 mil palestinos em Gaza.
Quanto à tentativa de Maduro de importar o
conflito EUARússia para a região, a avaliação brasileira é de que Putin já tem
muito com o que se preocupar e não vai se meter. Como a China, que é o maior
parceiro comercial da América Latina. O Conselho de Segurança da ONU, a Celac
(América Latina e Caribe), o Mercosul ampliado e os presidentes, inclusive
Lula, pedem paz, não intervenção, blá-bláblá, mas diplomacia não funciona com
ditadores. É preciso conter Maduro, que, isolado dentro e fora do continente, é
um alvo fácil. Às “armas”, Lula!
Estamos mal.
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