O Globo
O juiz da Lava-Jato encarna o ocaso da
operação
Pelo andar da carruagem, o mandato do senador
Sergio Moro será cassado por abuso de poder econômico. Na caçamba onde cairá
sua cabeça, já está a do ex-deputado federal Deltan Dallagnol. Ambos foram os
expoentes da Operação Lava-Jato, a maior iniciativa de combate à corrupção dos
últimos cem anos, quiçá 500.
Comandando a Vara Federal de Curitiba, Moro
fez de tudo, usou prisões preventivas para forçar confissões, liberou grampos
com prazo de validade vencido e disse a advogados de réus que eles
“atrapalhavam” seu serviço.
Em 2018, às vésperas do primeiro turno, Moro
liberou a delação de Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda de Lula. Logo
depois do segundo turno, aceitou o convite de Jair Bolsonaro e tornou-se seu
ministro da Justiça.
Com esse prontuário, Moro foi eleito senador
com cerca de 2 milhões de votos.
Se seu mandato for cassado pelo Tribunal
Regional Eleitoral do Paraná, será feita justiça, mas é o caso de pensar que
tipo de justiça.
O juiz que apareceu em 2004 louvando a
Operação Mãos Limpas da Itália meteu-se no mundo de sombras que dizia condenar.
Em 2022, foi candidato à Presidência por um partido, depois apareceu como
candidato a deputado por São Paulo por outro, pelo qual acabou se elegendo
senador.
As 78 páginas da peça em que o Ministério Público pede a cassação de seu mandato são sólidas, porém intrigantes. A argumentação central mostra que ele foi beneficiado por recursos financeiros que lhe deram uma indevida “superexposição”. Cada item está devidamente comprovado. No entanto Sergio Moro elegeu-se pela gigantesca superexposição que obteve antes de ser candidato, valendo-se da estrutura e das verbas que a Viúva concedia ao seu juízo.
As despesas que Moro fez como candidato eram
de outro mundo, aquele que mal conhecia e denunciava. Gastou R$ 1.800 do
partido para servir café e salgadinhos na cerimônia de filiação ao Podemos e R$
2.500 para pagar à mestre de cerimônias do evento. Ele, que como juiz manipulou
com maestria a imprensa, contratou serviços de um negócio chamado media
training. Algumas despesas eram inevitáveis para um candidato, outras mostram
que ele foi capturado pelo enxame de colaboradores (todos remunerados) que
colhem suas safras nos períodos eleitorais.
O juiz da Lava-Jato deverá ser cassado como
senador, por firulas, quando deveria ter sido afastado por atos que praticou na
magistratura.
Quando surgiu a Lava-Jato, pensou-se que
havia algo de novo no ar, mas tinha razão o Príncipe de Salina do romance “O
leopardo”:
— Tudo isso não deveria poder durar; mas vai
durar, sempre; o sempre humano, é claro, um século, dois séculos...; e depois
será diferente, porém pior.
Olhando para a outra ponta da corrupção
nacional, a dos corruptos, vale lembrar que Ademar de Barros, ladravaz da
política brasileira, foi condenado por causa da malversação de alguns carros e
de uma urna marajoara. Em 1969, enquanto a ditadura dizia que combatia a
subversão e a corrupção, uma organização clandestina roubou o cofre da casa de
sua namorada. Dentro, acharam cerca de US$ 2,5 milhões (US$ 20 milhões em
valores de hoje). A família disse que o cofre estava vazio, e a ditadura fingiu
que acreditou.
Excelente! Moro foi juiz corrupto, parcial, criminoso. Achou que poderia chegar ao STF, após aceitar o ministério da Justiça oferecido pelo comparsa miliciano. Não aceitou a ingerência do chefe golpista e a interferência política dele na PF, mas voltou a apoiá-lo e assessorá-lo na última eleição. No meio do caminho, tentou concorrer com seu ex-cúmplice Bolsonaro, e acabou se conformando com a candidatura a senador, depois de ter feito campanha com gastos dignos do cargo presidencial. Mau juiz, parcial e politiqueiro; péssimo e inexperiente político, começou sonhando com os cargos mais altos e vai acabar CASSADO por seus CRIMES ELEITORAIS! Enchia a boca pra arrotar juridiquês, com seu português cheio de erros. Depois, encheu os bolsos com dólares que ganhou nos EUA para assessorar empresas que processou quando foi juiz parcial. Por fim, na política, mostrou toda sua ideologia e seu completo descompromisso com a verdade e a democracia.
ResponderExcluirA canalhice de Moro rivaliza com a do ex-promotor e criminoso Dallagnol, politiqueiro que queria enriquecer atuando no MPF. Diziam combater a corrupção, e eram MAIS CORRUPTOS que os políticos que atacavam e processavam.
''Ladravaz''.
ResponderExcluirO Moro nunca foi inocente. Foi apenas útil.
ResponderExcluirGeisel nunca foi um troglodita, mas soube muito bem aproveitar as benesses do poder, principalmente depois da presidência.
O que acontece em Maceió hoje, em grande parte, é culpa da inteligência de Geisel na defesa dos negócios dos seus sócios estrangeiros.
Portanto, meu caro, nesse mundo não existem inocentes. Todos um dia pagam!
Se for condenado, será a vitóra do oportunismo e da vendetta. Se os atuais governantes e integrantes das altas cortes fossem pessoas sérias, esta condenação não ocorreria. Afinal de contas ele foi eleito por um número expressivo de votos. Pensar que a grande maioria dos que nele votaram forma iludidos é mentira. Os maiores penalisados serão seus eleitores. Isto não é democracia séria.
ResponderExcluirSeus eleitores terão desperdiçado o voto, mas a culpa dos crimes eleitorais de Moro tem que ser paga, especialmente pelo próprio, que se beneficiou ILEGALMENTE de excesso de gastos, entre outros erros!
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