terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Luiz Carlos Azedo - Impasse no acordo Mercosul-União Europeia frustra Lula

Correio Braziliense

A próxima reunião do Mercosul começa nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, sob a presidência do Brasil, que tem o apoio da Alemanha, mas a oposição da França ao acordo de livre-comércio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra seu primeiro ano de diplomacia presidencial com um protagonismo internacional que recoloca o Brasil na geopolítica mundial, depois dos quatro anos de isolamento do governo Bolsonaro, porém, seu objetivo mais importante e imediato, em termos econômicos, subiu no telhado: o acordo Mercosul-União Europeia. Ambiguidades de seu comportamento e contingências externas frustram a assinatura do acordo.

Lula investiu muito na política externa. Embora não tenha o mesmo prestígio de 20 anos atrás, quando sucedeu a Fernando Henrique Cardoso como uma grande novidade, ao retomar a nossa tradição diplomática independente, beneficia-se do forte contraste com o desastroso alinhamento de Bolsonaro, um "pária" internacional, aos regimes "iliberais" e líderes de extrema direita mundo afora.

Num primeiro momento, Lula buscou protagonismo como campeão da paz, ao se propor a negociar um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, mas esbarrou na própria ambiguidade em relação à invasão russa e no posicionamento dos Estados Unidos e da União Europeia, que transformaram o conflito numa "guerra por procuração" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra o presidente russo, Vladimir Putin.

Entretanto, as negociações do Mercosul com a União Europeia, que já duram 23 anos, avançaram bastante. Também avançaram as iniciativas para reposicionar o Brasil na questão ambiental, na qual somos protagonistas por vocação, em razão da Amazônia e do potencial de produção de energia renovável: hidrelétrica, solar, eólica e combustível verde (hidrogênio).

A COP28, em Dubai, seria a grande oportunidade de assumir essa liderança, mas a entrada do Brasil como observador na Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) criou um ponto de interrogação entre as intenções anunciadas por Lula e essa atitude em relação aos combustíveis fósseis. A decisão de aderir como observador ao cartel das petroleiras levou água para o moinho dos países europeus que dificultam o acordo com o Mercosul, em razão da questão ambiental.

Apoio alemão

Nesta segunda-feira, em Berlim, o presidente Lula disse que não pretende desistir da conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, apesar da mudança de governo na Argentina, cujo novo presidente, Javier Milei, fez campanha contra o acordo, e das duras críticas do presidente da França, Emmanuel Macron, aos termos da proposta. Lula acusou o golpe: "Depois de 23 anos, se a gente não concluir o acordo, é porque eu penso que nós estamos sendo irrazoáveis", disse, ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.

A próxima reunião do Mercosul será nesta quarta e quinta-feiras, no Rio de Janeiro, sob a presidência do Brasil. Lula volta da Alemanha com o apoio de Scholz à conclusão do acordo, o que não é nada desprezível, mas insuficiente. O primeiro-ministro alemão está "convencido de que será possível obter uma maioria nos dois órgãos, tanto no Conselho Europeu quanto no Parlamento Europeu".

O Itamaraty ainda tem esperança de que o novo governo da Argentina, de Javier Milei, se mantenha no acordo e aproveite a oportunidade para barganhar seus interesses, um bom motivo para não encerrar as negociações. Caso "los hermanos" permaneçam em campo, o problema maior continuará sendo a França.

No sábado, em Dubai, Macron anunciou com todas as letras que é contrário ao acordo nas suas bases atuais, cujo eixo é a isenção ou redução de impostos de importação de bens e serviços dos dois blocos. A oposição da França inviabiliza o acordo, ao menos temporariamente.

Apesar de assinado em 2019, durante o governo Bolsonaro, a União Europeia resolveu fazer novas exigências, entre elas, condicionar as relações comerciais à questão ambiental. "O acordo não leva em conta a biodiversidade e o clima, é um acordo de desmantelamento de tarifas à antiga', disse Macron. Citou como exemplos de acordos modernos os da União Europeia com a Nova Zelândia e o Chile.

Macron alega que é difícil explicar o acordo para um agricultor, um produtor de aço ou de cimento. Sua exigência é incluir um capítulo específico sobre questões trabalhistas, de igualdade de gênero, ambientais e climáticas, e a possibilidade de acionar um mecanismo de solução de controvérsias em caso de violação dos compromissos. No fundo, quer menos livre-comércio e mais protecionismo.

 

2 comentários:

  1. Que artigo HORROROSO !

    Este artigo esconde o real sobre os temas que trata.

    O autor do artigo é conhecido pela ótima qualidade do texto e da capacidade de explicar tudo com muita facilidade. Lendo este texto, vê-se que o autor só explica com clareza o que quer e quando quer.

    Neste artigo, o autor mostrou que quando quer também faz textos para servir de justificação a erros de quem ele quer preservar, e neste texto ele quer preservar Lula. Para preservar Lula o autor esconde o que Lula realmente tem feito nestas caras, demoradas, repetidas e contraprudutivas viagens ao exterior.

    Na agressão da Rússia e de seu amiguinho Putin contra a determinação da Ucrânia de exercer sua soberania, Lula alinhou e mantém alinhada a posição do Brasil aos interesses das ditaduras da China e Rússia contra a Ucrânia.

    Com Putin condenado pelo TPI, Lula chegou a falar que o receberia aqui.

    A dor na Ucrânia e o abuso de Putin contra as democracias é tão grande que tudo o que Lula viesse a fazer não mais corrigirria o mal que o seu alinhamento às ditaduras contra a Ucrânia e às democracias fez e está fazendo.

    Lula chegou a culpar a Ucrânia por estar sofrendo os abusos! E para afirmar isso Lula fez questão de ofender os Estados Unidos e a Europa pela ajuda com algumas armas para a Ucrânia se defender. Lula fez isso mais abusadamente na China, prostrado aos pés do ditador Xi Jiping, no seu 1° mês neste mandato.

    Lula chegou a pedir que não fossem dadas armas à Ucrânia!
    E Lula chegou a dizer que "quando um não quer, dois não brigam", como se a Ucrânia, que nada fez à ditadura da Rússia a não ser querer distância, pudesse renunciar a se defender do abuso de Putin.

    Este padrão pró-ditaduras e pró- terroristas de Lula se repetiram no conflito Israel-Palestina e agora, nas ameaças da Venezuela à Guiana.

    Lula, para não condenar a Venezuela nas ameaças à Guiana, faz três dias chegou a pedir "bom senso aos dois", e assim está culpando a Guiana por ser agredida, como culpou a Ucrânia e tentou desgastar Israel para proteger os terroristas do Hamas e não ponderou sobre as coisas ali que Israel, pelo medo dos terroristas, realmente tem culpa e precisa ser estimulada e obrigada a corrigir.

    O que Macron falou para Lula agora foi muito claro em relação ao esperado acordo União Européia-Merconsul:: Macron, por pressão dos franceses, tem obrigado os fazendeiros e industriais da França a empregarem um padrão ambiental mais rigoroso. Fica impossível para o governo da França exigir de seus agricultores e indústrias maior responsabilidade ambiental e ao mesmo tempo aceitar reduzir taxação comercial sobre produtos agrícolas e industriais de outros países que para favorecer seus latifundiários e industriais predatórios nacionais não se compromete com o meio ambiente e não exige o mesmo padrão.

    A grande imprensa acabou descobrindo que Lula foi pressionado por sindicalistas brasileiros articulados com nossos predadores e que foi isso, e não pelas posições de Macron e de Milei, que a assinatura do acordo UE-Merconsul está sendo empurrado para o impasse.

    Lula, mais uma vez, está sendo desonesto e colocando a culpa nos outros.

    E, aqui para nós, um acordo que foi desenhado há 23 anos precisa ser atualizado, ao contrário de ser mais regredido. Dada a emergência ambiental, os eleitores franceses e Macron estão certos.

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