O Estado de S. Paulo
Governador de SP nega candidatura, mas lapida a imagem e já mira um partido: o PSD
Quem entra no Palácio dos Bandeirantes, em
São Paulo, não para de ouvir que o governador Tarcísio Gomes de Freitas não
será candidato à Presidência em 2026, mas poderá ser em 2030 e tudo depende do
presidente Lula pois, se ele for bem, será imbatível. Pelo sim, pelo não,
Tarcísio vem lapidando sua imagem e se preparando para entrar num partido
forte: o PSD, “partido do Kassab”.
Desde 2012, o PSD aumentou em 95% o número de cidades controladas e, segundo levantamento do jornal digital Poder 360, desbancou o MDB como líder no ranking de prefeituras. A eleição presidencial de 2026 ainda deverá ser polarizada entre o lulismo e o bolsonarismo, mas a demanda por alternativas vai crescer e, enquanto o PSDB e o União Brasil encolhem, o PSD infla. O atual partido do governador, o Republicanos, além de ser o nono em prefeituras (257), é o pé das igrejas evangélicas na política.
Os ourives que trabalham sua imagem e o
“traquejo” de Tarcísio são justamente Gilberto Kassab, ex-prefeito e
ex-ministro, e Afif Domingos, ex-candidato à Presidência, ex-assessor do
ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, e bom conhecedor das
manhas políticas de São Paulo. A base é construir identidade, público e projeto
próprio, tratando Bolsonaro, que o lançou na política, com a máxima do
diplomata e então ministro Rubens Ricupero: “o que é bom a gente mostra, o que
é ruim a gente esconde”.
“Bolsonaro ajuda, mas atrapalha”, é a
resposta que paira sobre gabinetes e corredores do Bandeirantes, onde Tarcísio
tenta estar próximo do ex-presidente o suficiente para herdar seus votos, mas
longe o bastante para não se contaminar com a rejeição dele, sobretudo na
capital paulista. O governador atendeu de pronto o convite de Bolsonaro para
acompanhá-lo na posse de Javier Milei na Argentina, mas, por outro lado, mantém
uma relação institucional e civilizada com Lula. E tenta agradar ora à base
bolsonarista, ora ao centro e ao eleitorado tucano.
Assim, Tarcísio insiste na privatização da
Sabesp, quer projetos factíveis para saúde e Cracolândia, equipa o litoral
norte com radar meteorológico, sirenes e treinamento contra novas tragédias,
entrega 706 apartamentos aos desabrigados, anuncia reflorestamento de 40 mil
hectares e prepara o Estado para exportar biometano e tecnologia para produção
de hidrogênio e substituição das frotas de ônibus e caminhões.
Num encontro casual, perguntei: “E aí,
governador, qual seu horizonte, 2026 ou 2030?” Resposta: “O meu? Só sobreviver
amanhã, depois de amanhã e depois de depois de amanhã”. Acredite quem quiser.
Sei.
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