*Theodor W. Adorno (11/9/1903-6/8/1969),
filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da
chamada Escola de Frankfurt, juntamente com Max Horkheimer, Walter Benjamin,
Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, entre outros. Conferência realizada no dia 6
de abril de 1967, a convite da União dos Estudantes Socialista da Áustria.
“Aspectos do novo radicalismo de direita”, p.76. Editora Unesp, 2020.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
terça-feira, 25 de abril de 2023
Opinião do dia – Theodor W. Adorno* (Radicalismo de direita)
Marcio Pitliuk* - A banalização do nazismo
O Globo
Todos os nazistas eram psicopatas, mas nem
todos os psicopatas são nazistas
O Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães, conhecido como Partido Nazista, era muito mais uma
organização criminosa do que uma agremiação política. Seus membros eram
assassinos e corruptos, amorais e aéticos. O partido praticava a destruição do
outro e de determinadas etnias que eles consideravam inferiores. Para os
nazistas, o outro era qualquer um que pensasse diferente, e etnias inferiores
eram determinadas por falsas teorias, fake news, para usar um termo mais atual.
Eles usavam estudos mentirosos de eugenia para criar uma escala social onde os
arianos estavam no topo da pirâmide, abaixo estavam os escandinavos, depois
outros povos europeus, mais abaixo os eslavos, negros, ciganos e, na base da
pirâmide, os judeus. Os arianos se consideravam superiores e não deveriam se
misturar com “outras raças”, mais uma mentira, pois só existe uma raça, a
humana.
Para ser membro da SS, a elite militar, o
candidato passava por um escrutínio que retrocedia várias gerações para saber
se o sangue era puro, e não tinha nenhuma mancha no seu passado.
Ser nazista não é tão banal como muitos
acreditam.
Um jovem que comete atos de violência e se veste de preto erroneamente passa a ser considerado nazista. Os nazistas usavam preto, mas também verde-oliva, marrom e cinza. Franz Paul Stangl, comandante de Treblinka, preferia o uniforme branco; Hermann Goering, o número dois do partido, usava as cores mais variadas, às vezes parecia o excêntrico e cafona pianista Liberace. Goering e Stangl estavam no topo da hierarquia.
Merval Pereira - Democracia e cultura
O Globo
Revista Brasileira, da ABL, discute a
democracia. Sem democracia, não há cultura
No momento em que o país ainda vive as
consequências da tentativa frustrada de golpe no dia 8 de janeiro, a Academia
Brasileira de Letras (ABL) lança a nova edição da Revista Brasileira, que tem
como tema central a democracia. Vivemos um período tormentoso, em que os
problemas que afligem as principais democracias do Ocidente nos atingem, como o
crescimento do extremismo de direita, o movimento migratório provocado por
questões políticas, mas, especialmente, por problemas econômicos, de pura
sobrevivência.
O espírito de solidariedade que a democracia estimula encontra barreiras nessas dificuldades dos tempos modernos. Enquanto na Europa os países vivem suas contradições no enfrentamento dos problemas causados pelas ondas migratórias devidas a guerras e crises econômicas, o Brasil vive situações inéditas, como a busca de refúgio por venezuelanos e cidadãos de outros países vizinhos.
Carlos Andreazza - Cooperativa de políticos
O Globo
Levantamento do GLOBO
apontou o Parlamento de 2023 como o menos produtivo em 12 anos. E não só na
quantidade de projetos apresentados — o que, per se, nunca seria critério para
avaliação qualitativa. Desde 2011, comparados os períodos de fevereiro até a
primeira quinzena de abril, o Congresso atual tem também o menor número de
sessões, de audiências públicas, de reuniões em comissões e de votações.
Por quê?
Não há respostas definitivas. (O intervalo amostral, não chegando a três meses, é curto.) O registro, porém, estimula reflexões. Há um novo governo. E houve o 8 de Janeiro. Não sendo Poder isolado, o Legislativo — mesmo anabolizado pelo senhorio do Orçamento — decerto terá um ritmo algo condicionado pelo passo do Executivo; e jamais andaria, ainda que comandado por um autoritário, sem que sua agenda fosse afetada pela tentativa de golpe.
Eliane Cantanhêde - A CPI x Bolsonaro
O Estado de S. Paulo
Bolsonaro dirá à PF que não teve nada a ver com o 8/1, mas CPI pode mostrar o contrário
Estão marcados para amanhã dois fatos que
terão muita audiência e impacto neste 2023, já tão conturbado. Quiseram as
circunstâncias, ou os astros, que a leitura do requerimento da CPI do 8/1 fosse
no mesmo dia do depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal
sobre os atos golpistas.
A CPI nasce sob tensão do governo Lula, animação dos bolsonaristas e incerteza sobre resultados, mas não há dúvida quanto ao depoimento de Bolsonaro: uma mentira daqui, outra dali e ele não viu nada, não sabe de nada. Fatos, porém, são fatos. CPIs trabalham com fatos.
Dora Kramer - Volta do cipó
Folha de S. Paulo
Na CPI, caberá ao governo não deixar
prevalecer a versão de que houve armação no 8/1
A julgar pelo entusiasmo de seus
defensores-raiz, a comissão
parlamentar que tratará dos atos de 8 de janeiro tem tudo para
virar um circo. Em princípio, esse pessoal não tem nada a perder e vai jogar
baixo. O governo, por sua vez, além de ter uma base de fidelidade questionável,
tem sido mestre na arte de se embananar.
Caberá à tropa governista não deixar
prevalecer a versão de que houve uma armação petista para Lula posar
de vítima e sair como herói da resistência.
O plácido passeio de homens do Gabinete de Segurança Institucional pelos corredores do Palácio enquanto o quebra-quebra comia solto não elimina o fato: a selvageria foi obra de bolsonaristas juramentados que, na cena, assumiram a autoria do crime. Portanto, não há que se dar azo a fantasmas ao meio-dia.
Alvaro Costa e Silva - CPMI vai mexer e esquentar angu golpista
Folha de S. Paulo
Bolsonaro é o maior caroço dessa história
Antes tão falante e hoje tão escondido,
Bolsonaro deverá prestar depoimento na Polícia Federal nesta quarta-feira (26).
Ele é investigado como autor intelectual da intentona de 8/1. No início de
abril, o Datafolha apontou que 58% dos eleitores brasileiros acreditam que o
ex-presidente teve algum grau de responsabilidade na invasão aos prédios dos
três Poderes. Desses, 32% veem
muita culpa, e 26%, um pouco.
Três dias depois do terror, Bolsonaro —que viajou para os EUA na véspera da posse de Lula sem cumprir o rito de passar a faixa presidencial — continuava a pôr lenha na fogueira. Compartilhou em suas redes sociais um vídeo com novas mentiras sobre as eleições; em seguida, apagou o conteúdo para não se comprometer. Sua fragilidade emocional era menos a ressaca pela derrota nas urnas que o desapontamento por não ter tido mais apoio na hora de dar o golpe.
Hélio Schwartsman - CPI é derrota para Lula
Folha de S. Paulo
Governo se empenhou para evitar instalação
da comissão e fracassou
Lula costuma
ter sorte —mais sorte que competência, dizem seus críticos. No caso específico
da CPI dos
ataques de 8/1, porém, ele teve azar. Não acho que essa comissão
definirá ou criará grande embaraço para seu governo, mas me parece difícil
classificar sua instalação como algo diverso de uma derrota.
O problema não está tanto no que as investigações possam revelar, mas no modo como a administração se comportou dos ataques para cá. Se a base lulista tivesse concordado com a CPI desde o início, os prejuízos potenciais teriam sido mínimos. Ninguém com uma percepção não distorcida da realidade acredita na teoria conspiratória de que os petistas encenaram aquilo tudo só para jogar a culpa em Bolsonaro.
Joel Pinheiro da Fonseca - O que não está nos vídeos
Folha de S. Paulo
Pior do que o conteúdo das gravações do 8
de janeiro foi o sigilo sobre elas
Num primeiro momento, ver o ministro e
oficiais do GSI conversando,
andando ao lado e, num caso, até servindo água aos invasores do palácio causa
espanto.
Cada lado encontrou aí o que queria: para
os bolsonaristas as imagens provam que o ministro
Gonçalves Dias, homem de confiança de Lula, estava em conluio
com os invasores. Para os petistas, as imagens dos demais oficiais do GSI
—herança do governo Bolsonaro—
supostamente ajudando os golpistas (como na incriminatória garrafinha d’água)
provam que o GSI bolsonarista colaborou com o golpe.
Nenhuma das duas me convence. Pelo contrário, a mim parece que ministro e oficiais agiram dentro do que era possível naquelas circunstâncias de crise.
Luiz Carlos Azedo - Lula precisa rever suas prioridades diplomáticas
Correio Braziliense
Empunhar a bandeira da paz não deve ser um
reposicionamento estratégico do Brasil no mundo. Isso mudaria profundamente a
correlação de forças políticas internas, principalmente no Congresso.
A compatibilidade entre a política externa
e a política interna. Por exemplo, a entrega do Prêmio Camões ao compositor
Chico Buarque, ontem, em Lisboa, pelo presidente Luiz Inácio da Silva, está em
sincronia perfeita com o momento da política cultural brasileira, de
valorização dos nossos artistas e da temática democrática, progressista e
popular, que sempre foi uma característica do nosso cancioneiro.
Chico resumiu o mosaico nacional inspirado nos versos de Paratodos, uma de suas músicas: “O meu pai era paulista, meu avô pernambucano, meu bisavô mineiro e meu tataravô baiano. Tenho antepassados negros e indígenas, cujos nomes meus antepassados brancos trataram de suprimir da história familiar. Como a imensa maioria do povo brasileiro, trago nas veias o sangue do açoitado e do açoitador, o que ajuda a nos explicar um pouco”. Ao registrar que o Prêmio Camões levou quatro anos para lhe ser entregue, ironizou a grande mudança política na vida nacional:
Rubens Barbosa* - A parceria estratégica com a China
O Estado de S. Paulo
Com a crescente tendência geopolítica de formação de dois polos, o Brasil tem de definir de forma mais clara seus interesses a fim de sobreviver à divisão das atuais superpotências
O saldo da visita de Lula à China foi positivo, mas, de novo, o marketing foi muito negativo em razão dos arroubos verbais presidenciais sobre a guerra na Ucrânia e a parceria estratégica com a China. Apesar de toda sua experiência, Lula está ignorando alguns princípios básicos na diplomacia: saber ficar calado, falar pouco e ter um discurso moderado. Era previsível a repercussão na mídia norte-americana e nacional, pelo que foi interpretado como mudança da posição do Brasil e pelas críticas aos EUA. A coincidência da visita do chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, logo em seguida à visita a Pequim, e a notícia do veto russo à venda de munição à Alemanha para fornecimento à Ucrânia e possível cooperação nuclear também ajudaram a colocar em dúvida a equidistância brasileira.
Jorge J. Okubaro - Desafios e riscos do arcabouço fiscal
O Estado de S. Paulo
Relator do projeto na Câmara afirmou que eventuais alterações no texto original serão para melhorá-lo. Os contribuintes e os cidadãos em geral adorariam acreditar
Resistências e críticas à proposta de
arcabouço fiscal encaminhada pelo governo Lula ao Congresso Nacional na semana
passada surgiram à esquerda e à direita, e não apenas no ambiente
político-parlamentar. Talvez isso possa significar que, para estruturar a
proposta, a equipe coordenada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha
buscado o caminho médio entre os muitos rumos examinados. Se verdadeira essa
hipótese, pode até ter sido um bom método de trabalho, que implicou escolhas
políticas. Nem por isso, porém, será fácil a trajetória do projeto. São muitos
os riscos de que ele acabe desagradando a todos.
Há, da direção do Congresso, disposição de acelerar a tramitação da proposta. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que a votação poderá ser concluída até o dia 10 de maio, embora o governo ainda não tenha assegurado votos suficientes (257) para a aprovação. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de sua parte, assegurou que o projeto “será aprovado” também com presteza na Casa que preside, ainda que com “eventuais mudanças” para torná-lo melhor. Nem a instalação, nos próximos dias, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atentados à democracia praticados em 8 de janeiro prejudicará a tramitação do projeto, previu Pacheco. “Temos senso de urgência em relação ao arcabouço fiscal.”
João Saboia* - Para onde vai o salário mínimo?
Valor Econômico
Aumento real seria um reforço contra a
estagnação econômica que o país vivencia há quase uma década
O Brasil teve ao longo dos governos Lula e
Dilma uma política de valorização do salário mínimo (SM) que produziu
resultados excelentes na economia brasileira como um todo e no SM em particular.
O fato de a cada ano haver um reajuste pela inflação acumulada dos 12 meses
anteriores adicionada à taxa de crescimento do PIB de dois anos atrás permitiu
um forte crescimento real do SM. Tal política funcionou de 2007 a 2019 e teve
resultados mais favoráveis até 2015. A partir daí, por conta da má performance
da economia brasileira e da mudança das regras durante o governo Bolsonaro, o
SM ficou praticamente estagnado.
Com o retorno de Lula ao comando do Poder Executivo, a pergunta que se faz é qual será a política do SM nos próximos quatro anos. O reajuste aprovado para maio, quando passará de R$ 1302 para R$ 1320 foi uma primeira sinalização da preocupação do atual governo com o nível atual do SM. Mas nada está definido para os próximos anos. A preocupação do governo com os desequilíbrios fiscais do país parece colocar limites ao que seria desejado por Lula para o SM até 2026.
Andrea Jubé - Pesquisa cobra ajuste na comunicação de Lula
Valor Econômico
Lula está se policiando em suas falas, diz
ministro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
havia embarcado para a China no dia 11 de abril sob pressão para decidir, na
volta, o sucessor do ministro Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal
(STF).
Mas a agenda comprometida por duas graves
crises - a escalada da violência nas escolas e a demissão do ministro do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias - impediu que
Lula se reunisse com Lewandowski para uma conversa definitiva sobre a sucessão
do magistrado, e adiou o desfecho do impasse na Suprema Corte.
Agora quando regressar do périplo a
Portugal e à Espanha, na quarta-feira à noite, o mandatário estará diante não
mais de uma, mas de duas pendências politicamente sensíveis: as nomeações do
próximo ministro do STF e do próximo ministro do GSI.
O ministro interino do GSI, Ricardo
Cappelli, disse em entrevista ao Valor que
já terá um diagnóstico pronto sobre a pasta para apresentar a Lula já na
quinta-feira, quando ambos devem se reunir.
A sinalização é de que o novo titular do GSI seja anunciado na própria quinta ou até sexta-feira porque segundo interlocutores, Lula não quer prolongar a turbulência no ministério.
Pedro Cafardo - Só “arcabouços” não tapam buracos de rua
Valor Econômico
Com os cofres abarrotados, São Paulo está
largada
Aprende-se nas primeiras aulas de
jornalismo que o buraco na rua em frente à casa do leitor é mais importante
para ele do que a grande manchete internacional.
Talvez seja preciso levar mais a sério essa lição elementar. O leitor deve estar cansado de se deparar, nas páginas e telas principais da mídia, com assuntos técnicos, como discussões de política fiscal, teto de gastos, arcabouço, meta de inflação, juros, desindustrialização e outros temas macroeconômicos importantíssimos, mas que não dizem respeito a suas aflições do dia a dia.
Míriam Leitão - No caminho do fim dos subsídios
O Globo
Haddad precisa explicar qual sua proposta
para acabar ou reduzir algumas deduções. Ou seu plano vai ficar somente no
mundo da fantasia
O ministro Fernando Haddad promete revelar
para onde vai e com quem fica o dinheiro dos impostos não pagos através das
deduções ou isenções fiscais. Usou até uma expressão de fácil compreensão.
Disse que vai “abrir a caixa preta das renúncias fiscais”. De fato, há uma
montanha de dinheiro que não chega aos cofres públicos, porém, ou o ministro
detalha o que pretende fazer ou sua proposta vai ser tão real quanto um pote de
dinheiro ao fim do arco-íris.
O ministro falou na entrevista ao “Estado de S.Paulo” em R$ 600 bilhões que deixam de ser pagos pelos mais variados motivos e em diversos programas. A proposta de Orçamento para 2023, enviada pelo governo Bolsonaro ao Congresso, registrou R$ 456 bilhões ou 4,29% do PIB.
Pedro Fernando Nery - Amor e políticas públicas
O Estado de S. Paulo
Políticas de renda podem, além de aumentar o conforto material, reduzir o estresse dos pais
Nasceu meu segundo filho. Me pego esses dias
pensando numa frase de Rahm Emanuel. Quando defende seu legado como prefeito de
Chicago, diz que duas coisas são fundamentais para o sucesso dos adultos: o
amor que recebemos dos nossos pais e uma boa educação. Para Rahm, gestores
podem fazer algo apenas quanto ao segundo ponto, razão pela qual teria
priorizado as escolas nos seus polêmicos governos. Mas ele está certo?
Nestes primeiros dias em casa, passado o estranhamento com o novo Neryzinho, percebo um afeto diferente surgindo – está lá o tal do amor. Um interesse crescente no bem-estar do pequeno, aspirações para o seu futuro, o apego. O que Rahm talvez queira dizer com “amor dos nossos pais” é a dedicação, o investimento, a qualidade do cuidado que recebemos em nossa infância.
Yuen Yuen Ang* - Neoliberalismo e intervencionismo
Valor Econômico
Uma terceira opção, há muito negligenciada,
é os governos supervisionarem processos de baixo para cima de improvisação e
criatividade
Intervir ou não intervir. Esse tem sido o
debate central sobre o papel do Estado na economia pelo menos desde o século
XVIII. Nos últimos 40 anos, os Estados Unidos e outras democracias liberais do
Ocidente defenderam o livre mercado, o livre comércio e um papel limitado para
o governo - uma posição conhecida como neoliberalismo ou “fundamentalismo de
mercado”. Para alguns comentaristas, a aprovação recente da Lei dos Chips e da
Ciência e da Lei da Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), as duas
políticas industriais que são a marca do governo do presidente Joe Biden,
representa o fim do neoliberalismo e o ressurgimento do intervencionismo como paradigma
dominante.
Mas essa é uma falsa dicotomia. Os governos
não estão limitados a uma escolha binária entre o laissez-faire e o
planejamento de cima para baixo. Uma terceira opção, há muito negligenciada
pelos formuladores de políticas e economistas, é os governos supervisionarem
processos de baixo para cima de improvisação e criatividade, algo semelhante ao
papel de um maestro de orquestra. É possível encontrar muitos exemplos disso na
China e nos Estados Unidos.
O neoliberalismo surgiu como paradigma dominante de formulação de políticas no Ocidente na década de 80. Sob o presidente Ronald Reagan, os EUA buscaram a desregulamentação, cortaram impostos e reduziram os programas de assistência social. A intervenção do governo, dizia o pensamento, inevitavelmente leva a distorções de políticas, dependência de esmolas estatais e corrupção. Como Reagan disse em seu primeiro discurso de posse, “o governo não é a solução para o nosso problema; o governo é o problema”.
O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões
Câmara precisa imprimir urgência ao PL das Fake News
O Globo
Não há mais tempo a perder com debates
quando está em jogo a sobrevivência da democracia
Está na pauta da Câmara a votação do regime
de urgência para a apreciação do Projeto de Lei (PL) das Fake News, aprovado no
Senado em 2020. É fundamental que os deputados sigam adiante com o plano de
votar o requerimento amanhã e levar o PL à apreciação do plenário ainda nesta
semana. Os eventos do 8 de Janeiro e os ataques recentes em escolas deixaram
claro que é preciso agir com presteza. O Brasil não pode permitir que as redes
sociais continuem a ser usinas de desinformação e violência.
A última versão do PL apresentada pelo relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), está madura e incorpora os dispositivos da legislação mais moderna sobre o tema, em particular a europeia. É esperado que as plataformas digitais façam pressão para adiar a votação, mas os deputados precisam resistir. Devem evitar repetir o erro cometido ao não aprovar o PL antes das eleições do ano passado, abrindo caminho ao golpismo que se sucedeu.