Folha de S. Paulo
Nunes vai isolar extremistas para fugir do
embate entre Lula e Bolsonaro na campanha
A disposição do presidente Luiz Inácio da
Silva (PT) de
fazer da eleição
de 2024 um ensaio para 2026 e, notadamente em São Paulo reeditar
o embate de 2022 entre ele e Jair Bolsonaro (PL), impõe um desafio ao
prefeito Ricardo Nunes (MDB):
manter o foco nos problemas da cidade em sua campanha pela reeleição.
Nunes está convicto de que, se dançar conforme a música de Lula, corre o risco de cair numa armadilha. Por isso, seu tom será outro. "Vou sair da discussão de terceiro turno da eleição presidencial" avisa, concentrado que estará em estabelecer as diferenças entre Guilherme Boulos, candidato do PSOL, e ele na capacidade de administrar a maior cidade do país.
A questão é desafiadora porque não depende só
da vontade dele nem dos dez partidos que, por ora, compõem a sua aliança. Lula
conta com a força política e midiática da Presidência, além de ter batido
Bolsonaro na capital, onde as pesquisas registram alta rejeição ao
ex-presidente —68% dizem não votar em candidato apoiado por ele— de quem Nunes
espera herdar os eleitores.
O prefeito sabe da dificuldade. Pensando
nisso, iniciou uma ofensiva de agendas conjuntas com o governador Tarcísio de
Freitas (Republicanos) a fim de transmitir à população o recado da importância
da parceria entre estado e município para o bom andamento dos trabalhos
urbanos.
Na política, baterá na tecla da marca de
centro, segundo ele preferência histórica do eleitorado local. Cita a dinastia
de tucanos, acrescenta Gilberto Kassab e lembra Marta Suplicy e
Fernando Haddad como exemplos de políticos de esquerda derrotados nas
tentativas de reeleição.
E Bolsonaro no palanque? O prefeito sai de
lado: "Tenho
gratidão, ajudou a cidade como presidente". E Simone Tebet, sua
companheira de partido, estará junto na foto? "Cada qual em seu momento,
no quadrado adequado."
E os bolsonaristas extremados? Nunes só faz
um gesto: corre a mão direita para a esquerda, como quem deixa algo de lado.
São Paulo sabe votar.
ResponderExcluir