Folha de S. Paulo
O 8/1 deveria entrar no calendário como dia
de unidade em defesa da legalidade
O ato de segunda-feira em Brasília marcará o
primeiro ano desde o infamante ataque às instituições do regime democrático. É
importante que esse 8 de janeiro de 2024 não se perca na história, que se
repita ao longo do tempo e o acontecido de 2023 se eternize na memória da nação.
É preciso que o levante contra a sede dos três Poderes da
República se torne inesquecível nas mentes dos brasileiros sejam quais forem
suas tendências políticas, afetivas, religiosas ou em que estágio de
exacerbação emocional estejam.
O que houve ali atinge a todos. É indispensável, por isso, que a compreensão desse todo alcance primordialmente autoridades responsáveis pelo bom andamento dos trabalhos da República. Tanto as ligadas ao governo como as de oposição.
Na dinâmica democrática, as posições tendem a
se alternar de quando em vez. Por essa ótica, o Estado de Direito configura-se
uma regra geral de sobrevivência. Portanto, não seria conveniente o uso
político-partidário da cerimônia de depois de amanhã, muito menos que se
travestisse dos figurinos de guerra ideológica também chamada de polarização.
A celebração da higidez da democracia não
pode ser vista ou apresentada como patrimônio dos governantes de turno e de
seus simpatizantes dentro e fora do aparelho de Estado. A ponderação serve para
eles e serve também aos adversários que planejam ausência como forma de fazer
afirmação oposicionista.
Não há nuances na questão da saúde
institucional: ou se forma fileiras em defesa dela ou se está contra ela, à
margem da Constituição vigente
no país. Disso dão notícias as condenações já impostas aos sublevados e as
punições que ainda estão por serem impostas aos incitadores, patrocinadores e
inspiradores.
Quanto mais robusto e politicamente amplo for
o ato do dia 8, quanto maior a compreensão de que com a
legalidade não se brinca, menor a possibilidade de a infâmia se repetir.
Verdade.
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