Folha de S. Paulo
Não foi amigável a saída de Marta e não será
cordial a campanha se ela for vice de Boulos
Foi tudo, menos amigável a saída de Marta Suplicy da Secretaria Municipal de Relações
Internacionais para apoiar a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), o principal adversário do
prefeito Ricardo Nunes (MDB) na tentativa de reeleição. Ficaram
mágoas ainda em processo de digestão.
Será tudo, menos amigável, a campanha que se avizinha tendo à frente o presidente Luiz Inácio da Silva e o
antecessor, Jair Bolsonaro. Na boca de cena estão todos por enquanto
razoavelmente civilizados. No bastidor, o clima prenuncia refrega pesada,
embora com incertezas.
Uma delas é se a ex-prefeita será mesmo vice de Boulos, pois ainda são desconhecidos os
termos do acordo firmado com Lula. Outra diz respeito à convivência dos
eventuais companheiros de chapa, donos de alto cacife. Uma terceira é sobre a
densidade eleitoral de Marta Suplicy que perdeu uma reeleição e ficou em quarto
lugar no último pleito a que concorreu, há oito anos.
A despeito das correntes comparações da volta de Marta ao PT com a adesão
de Geraldo Alckmin (PSB) ao campo de Lula em 2022, a
realidade não autoriza tal paralelo. O ex-governador, hoje
vice-presidente, militante de vida inteira do PSDB e, portanto,
antagonista do PT com quem se confrontou em duas eleições presidenciais, fez de
fato uma transposição.
Aquele lance deu-se em ambiente de
concertação. Na emergência de atração do centro no qual uma figura de perfil
marcadamente de centro-direita, diria até conservador, teve o condão real de
conquistar parte do eleitorado resistente ao PT.
Agora não há aquela urgência nacional. O conceito de frente ampla perdeu força.
Além disso, a marca popular da personagem em destaque é de esquerda. Trata-se
de uma volta ao curso original, o que torna duvidoso o efeito desejado de
suavização na imagem de Boulos e a ampliação significativa do terreno a ser
ocupado.
Uma boa jogada que ainda não está claro se foi certeira.
Pois é.
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