Folha de S. Paulo
Livro sustenta que cidades são as
responsáveis por riqueza e criatividade das sociedades de hoje
A maior invenção
da humanidade não foi a roda e nem mesmo a escrita. Foram as
cidades. Juntar um monte de gente num espaço mais ou menos restrito e fazer as
pessoas interagirem umas com as outras foi o que permitiu a especialização do
trabalho à qual devemos não apenas o brutal aumento da produtividade como
também a explosão de criatividade que caracterizam as sociedades humanas.
A história da
humanidade é em boa medida a história das cidades.
"Age of the City", de Ian Goldin e Tom Lee-Devlin, faz um esboço dessa história e discute os desafios diante de nós. Fui um pouco faccioso no parágrafo anterior ao destacar só efeitos positivos da urbanização. Ela também traz um bom número de problemas, que vão de doenças à desigualdade, passando pela erosão da democracia e a mudança climática.
Com efeito, boa parte das epidemias que nos
ameaçam só é sustentável em ambientes urbanos, que fazem com que um grande
número de indivíduos suscetíveis ao patógeno em circulação conviva
proximamente.
De modo análogo, a especialização do trabalho
que gerou as classes ociosas que puderam se dedicar à inovação também
produziu grupos dominantes que se apropriam de parcela substancial da renda,
além de impor outras violências às coortes menos favorecidas.
Os autores sustentam que vivemos um momento
decisivo. Dependendo de como respondermos a uma série de questões como trabalho
remoto, gentrificação, descarbonização,
teremos sociedades mais ou menos harmoniosas. Cidades médias, que já foram o
esteio das classes médias, perdem espaço para megalópoles como Nova York,
San Francisco ou Londres, que monopolizam os bons empregos. É para lá que vão
os mais afluentes. Só que a decadência das cidades que não se saíram tão bem
produz ressentimentos, que fortalecem movimentos políticos populistas e
antidemocráticos.
Para Goldin e Lee-Devlin, o futuro
depende das decisões que tomarmos agora conjuntamente.
Muito bom e provavelmente verdadeiro!
ResponderExcluirVerdade.
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