O Globo
Presidente da Câmara boicota solenidades para
elevar pressão sobre o governo; deputado quer a cabeça de Alexandre Padilha,
articulador político de Lula
Os apelos pela pacificação nacional não
sensibilizaram Arthur Lira. Na quinta-feira, chefes dos Três Poderes se
juntaram para retirar as grades que bloqueavam o acesso ao Supremo. Faltou
alguém na foto: o presidente da Câmara, que preferiu antecipar o fim de semana
em Alagoas.
Desde o início do ano, Lira busca se fazer
notar pela ausência. Em 8 de janeiro, foi a única autoridade graúda que não
participou do ato para celebrar a vitória da democracia sobre a ameaça
golpista. Desfalcou uma solenidade realizada no Salão Negro do Congresso, a
poucos metros de seu gabinete.
Na quinta-feira, o chefão da Câmara boicotou mais duas cerimônias que atraíram a elite do poder em Brasília: a abertura do ano judiciário e a posse do novo ministro da Justiça, no Planalto. Os eventos reuniram os presidentes da República, do Senado e do Supremo.
Lira quer mostrar que está invocado. Mais do
que isso: quer transformar sua birra em preocupação da República. O mau humor
do deputado não deveria interessar a ninguém, salvo por um detalhe. Em recados
nos bastidores, ele ameaça torpedear o governo se suas exigências não forem
atendidas.
A lista do chefão da Câmara é extensa. Além
de pressionar por mais cargos, Lira cobra a devolução de R$ 5,6 bilhões em
emendas de comissão, cortados por Lula; a demissão do ministro das Relações
Institucionais, Alexandre Padilha; e o apoio do presidente ao candidato que ele
indicar para a própria sucessão, em fevereiro de 2025.
A carga contra Padilha não é só por antipatia
pessoal. Lira quer recuperar o monopólio sobre a partilha e a liberação de
emendas. O controle do dinheiro era a principal fonte de seu poder no governo
Bolsonaro. Na gestão Lula, o Planalto voltou a ter balcão próprio para negociar
com os parlamentares.
Em 2023, o chefão da Câmara manteve o governo
sob tensão permanente. Deu declarações ameaçadoras, travou votações e quase
implodiu a medida provisória que reorganizou a Esplanada. Com a faca do pescoço
do presidente, arrancou o comando de dois ministérios e da Caixa Econômica
Federal.
Pupilo de Eduardo Cunha, Lira aprendeu a
nunca se dar por satisfeito. Ao que tudo indica, voltará do recesso com apetite
renovado.
O inferno de Moro
O julgamento no TRE do Paraná não é a única
ameaça iminente à sobrevivência política de Sergio Moro. Até março, o Conselho
Nacional de Justiça deve concluir a correição na 13ª Vara Federal de Curitiba.
O ex-juiz pendurou a toga, mas ainda pode ser punido com a inelegibilidade por
oito anos. O CNJ já concluiu que houve “gestão caótica” de recursos arrecadados
na Lava-Jato.
O capitão e a baleia
A Polícia Federal obrigou Carlos Bolsonaro a depor por causa de um tuíte. Agora Jair deve ser ouvido por suspeita de importunar uma baleia em passeio de jet ski. Não faltam motivos justos para investigar o capitão e seus filhos. Se forçar a mão, a PF pode presenteá-los com a aura de perseguidos.
Verdade.
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