Folha de S. Paulo
O PT é bom em exigir desculpas do alheio, mas
não sabe se retratar quando é preciso
O PT é muito bom em
exigir desculpas do alheio. Cobra retratações com a maior facilidade, mas tem
muita dificuldade em se retratar quando a necessidade se impõe.
Fez o que fez com a cumplicidade de partidos aliados no mensalão e, no máximo, reconheceu a existência de "erros" sem nunca ter admitido o crime, a despeito das condenações impostas a petistas de alto escalão.
A presidente Dilma
Rousseff fez o que fez com a economia do país e o que faz o
presidente Luiz Inácio da Silva? Tenta reescrever a história ao lhe dar de
presente um posto de relevância no setor, o comando do
banco do Brics. Executor da desastrosa "nova
matriz", Guido Mantega
só não foi recompensado com a gestão da Vale porque há gestores
responsáveis na companhia.
Sobre o que se viu na Operação Lava
Jato, então, nem se fala. Houve o que houve, desvios de
procedimentos levaram a anulações judiciais sem declaração de inocência aos
envolvidos, mas a roubalheira, de novo com a parceria de partidos aliados,
ficou demonstrada. Lula,
no entanto, se sente no direito de retaliar e exigir que joelhos prestem
reverência ao milho.
Há mais exemplos nesse histórico, incluindo
gafes homéricas, que de algum modo explicam a razão pela qual Lula se recusa a
consertar a barbaridade cometida na comparação da
ação israelense em Gaza à operação genocida de Hitler na Segunda Guerra Mundial.
Nem precisaria pedir desculpas no molde
exigido por Israel em
sua oportunista reação à qual o presidente deu margem. Há grandeza em certos
recuos e pequenez em determinadas ocasiões.
Lula poderia modular a declaração, teria
evitado que Binyamin
Netanyahu se aproveitasse da situação, mas prefere se aferrar à
empáfia agora potencializada pela ausência de conselheiros influentes e,
sobretudo, sensatos.
Gente do calibre do falecido Márcio Thomaz
Bastos. Como ministro da Justiça, salvou o chefe de várias
enrascadas e faz uma falta danada.
Alguém precisa fazer alguma coisa,Lula está tentando alertar para a barbárie em Gaza.
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