O Estado de S. Paulo
‘Virada de mesa’, minutas de golpe, militares e assessores nazistas: tudo leva a Bolsonaro
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro
tarda, mas não falha, e tem até um cronograma: o Supremo Tribunal Federal (STF)
e a Polícia Federal (PF) não pretendem correr nenhum risco jurídico, policial
ou político e só pretendem chegar a esse ponto depois das investigações, das
instâncias de julgamento e da eventual condenação pela mais alta Corte de
Justiça do País. Não estão previstas prisão preventiva ou temporária, só depois
da tramitação em julgado.
A estratégia é rigorosa e detalhada, com uma sequência de operações da Polícia Federal, uma lista crescente de alvos e a apresentação robusta de provas até que não haja mais nenhum fiapo de dúvidas sobre a responsabilidade direta de Bolsonaro pela armação de um golpe de Estado em que ele seria o principal beneficiado.
STF e PF têm obsessão com o rigor na
investigação, na produção das provas e na avaliação jurídica, lei por lei,
artigo por artigo, para não dar margens nem alimentar o discurso bolsonarista
de que estaria agindo em conluio com o governo Lula para perseguir Bolsonaro e
evitar seu retorno à política e às eleições. Uma parte importante da estratégia
é preparar os ânimos da população, mostrando as provas e montando a história do
golpe detalhe por detalhe.
Entre as novas provas reveladas pela PF destacam-se duas. Um vídeo em que Bolsonaro e generais discutiam abertamente o golpe e o general Heleno defendeu que a “virada de mesa” deveria ser antes da eleição. E um texto apócrifo, mas encontrado no próprio gabinete de Bolsonaro no PL, justificando a decretação de estado de sítio. A PF apreendeu o passaporte de Bolsonaro, para evitar que ele fuja do País (dois filhos já têm cidadania italiana). Desta vez, todos os caminhos não levam a Roma, mas à prisão de Bolsonaro.
Atenção a um dos presos, Filipe Martins, discípulo do indescritível Olavo de Carvalho e ex-assessor internacional da Presidência, que foi processado por postar-se atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fazendo um gesto de supremacistas brancos – ou seja, um gesto nazista.
Isso remete ao ex-secretário da Cultura Roberto Alvim, que gravou vídeo de inspiração nazista, com trechos de Goebbels e a música preferida de Hitler ao fundo. Martins e Alvim tinham tudo a ver com um governo que pretendia fechar o TSE, prender o ministro do STF Alexandre de Moraes, decretar estado de sítio e instalar uma ditadura. Lula é que iria transformar o Brasil numa Venezuela?
Que mentiras vai nos contar o filósofo bolsonarista Denis Rosenfield, que nega que 8/1 tenha sido uma tentativa de golpe?
ResponderExcluirPois é!
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