Valor Econômico
Jorginho Melo, de Santa Catarina, é o único a
defender o ex-presidente
Passados cinco dias desde a operação que revelou a reunião golpista comandada por Jair Bolsonaro em julho de 2022, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, foi o único, até agora, a defender o ex-presidente. “Não tem impacto nenhum. A Polícia Federal parece que não tem mais o que fazer do que ficar requentando os fatos. Estão procurando pelo em ovo. Jair Bolsonaro é um homem decente”, disse Melo em vídeo.
No segundo turno de outubro de 2022,
Bolsonaro venceu em 14 dos 27 Estados. Em nove deles, o governador eleito teve
seu apoio. Em Santa Catarina, teve sua quarta maior votação (69%). Nos três
Estados em que foi mais votado, Roraima (76%), Rondonia (70,6%) e Acre (70,3%),
os governadores ora ensaiam aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), ora estão imersos em seus próprios problemas locais.
O coronel aposentado da PM, Mello Araújo,
indicado para o PL para disputar como vice na chapa à reeleição do prefeito de
São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), gravou um vídeo com a cobrança.
"Temos eleições municipais chegando, e
os grandes líderes da direita não se manifestaram. Cadê os deputados,
senadores, governadores? Os governadores têm uma responsabilidade muito grande,
muitos foram eleitos nas costas do presidente Bolsonaro", disse Mello
Araújo. "Esses governadores precisam se manifestar, para a gente até
entender se está certo, se está errado. Porque o povo está meio perdido e
precisa estar ouvindo a voz de quem a gente votou. Cadê o povo da direita se
manifestando?",
Tarcisio Freitas (Republicanos), governador
de São Paulo, exonerou dois militares ligados ao bolsonarismo que ocupavam
cargo de confiança no governo, e calou-se sobre o episódio. Bolsonaro venceu em
547 das 645 cidades do Estado, de onde arrancou 14 milhões de votos (55%) no 2º
turno. Claudio Castro (PL), governador do Rio, só falou de carnaval desde a
operação. Ambos foram cortejados por Lula na semana passada.
Em Roraima, Estado mais bolsonarista do país,
Antonio Denarium (PP), enfrenta seus próprios problemas com a polícia. Duas
semanas antes da operação “Tempus Veritatis”, a polícia do Estado encontrou 200
kg de “skank”, uma maconha mais concentrada e potente que a tradicional, numa
fazenda de Denarium.
O governador de Rondônia, o coronel da PM
aposentado Marcos Rocha (União), se mantém silente, bem como o do Acre, Gladson
Cameli (PP). Cameli viajou para a COP 28, em Dubai, no final de 2023, numa
tentativa de se aproximar de Lula, mas foi surpreendido durante a viagem com o
pedido da Procuradoria-Geral da República para seu afastamento do cargo e foi
obrigado a voltar para o Brasil.
Em dois Estados, Mato Grosso, onde Bolsonaro
ganhou com 65% dos votos e Distrito Federal, onde registrou 58,8%, os
governadores Mauro Mendes (União) e Ibaneis Rocha (MDB) apenas se pronunciaram
sobre as enchentes provocadas pelas chuvas neste carnaval.
Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Estado em que Bolsonaro teve 58% dos votos, se afastou do ex-presidente na pandemia mas apoiou sua reeleição, já se movimenta para ocupar seu espaço de Bolsonaro na disputa presidencial de 2026. Caiado evitou comentar a operação, bem como Ratinho Jr (PSD), do Paraná, Estado em que Bolsonaro teve 62% dos votos.
Eles só são bolsonaristas quando lhes convêm.
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