O Globo
Vice-presidente afirma que novo plano para
indústria não é repetição do passado, como dizem os críticos, e que há muita
desinformação
O vice-presidente Geraldo
Alckmin defendeu a nova política industrial, garantindo que a
ideia do “conteúdo nacional” não é para proteger empresa ineficiente, que o
BNDES entrará de sócio apenas em startups e com investidores privados, que o
governo “não vai pôr dinheiro em navios”, e que a política será horizontal,
para melhorar a competitividade da economia como um todo e não para “a empresa
A, B ou C”. Contudo, ele admitiu que não gosta dos movimentos da Petrobras de
recomprar empresas privatizadas. “Não gosto, porque você cria insegurança
jurídica”. Falou também de política em entrevista que me concedeu, e que foi ao
ar ontem à noite na GloboNews, e pode ser vista no Globoplay, e o texto na
íntegra no blog.
Diante da pergunta se o presidente Lula não
estaria governando apenas para o PT, apesar de ter sido eleito falando em
frente política, Geraldo Alckmin foi firme.
— Eu tenho a convicção de que o presidente Lula salvou a democracia, quando eles tentaram dar um golpe de estado. Quem defende a Constituição, defende eleição, defende o povo, é democrata. O inverso disso é golpista. Se perdendo a eleição eles tentaram um golpe, imagina se tivessem ganho. E isso é a pior coisa também para a economia. As ditaduras suprimem a liberdade em nome do pão, não dão o pão, nem devolvem a liberdade que tomaram.
Na defesa da Nova Indústria Brasil, divulgada
recentemente e que levantou dúvidas de ser uma repetição no passado, o também
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, rebateu as críticas.
— Há muita desinformação, não tem R$ 300
bilhões de subsídio, tem R$ 300 bilhões de financiamento. Não há mais TJLP.
Acabou. O que o BNDES fez de maneira inteligente, para reduzir os juros, é
financiar em dólar para empresas que são exportadoras e recebem em dólar. Só
pode ser feito isso com empresa que tem hedge. O único caso que tem TR é em
pesquisa, desenvolvimento e inovação. Quanto os Estados Unidos estão pondo para
subsidiar a sua indústria? Trilhão.
Alckmin disse que, depois de encolher por
muitos anos, a indústria teve uma ligeira alta em 2023 e deve crescer este ano.
E se mostrou entusiasmado com os investimentos do setor automobilístico.
— Vamos ter investimento recorde na indústria
automotiva. Já foram confirmados R$ 55 bilhões de investimentos e ainda falta a
Toyota. Poderemos chegar perto dos R$ 100 bilhões de investimento em várias
rotas tecnológicas desde o carro elétrico puro, plug in, híbrido, montadoras
chinesas, montadoras que já estavam no Brasil. Isso é prova de confiança no
Brasil. A indústria parou de cair, ela cresceu 0,2% e esse ano pode passar de
1%.
Apesar de dizer que não haverá subsídio, nem
repetição de velhas políticas, ele alertou para o protecionismo dos países
depois da pandemia.
—No mundo pós-Covid, todo mundo está
protegendo seu emprego, está protegendo suas empresas. Alguns de maneira
escandalosa. A ideia de conteúdo nacional é muito excepcional e não é para
proteger a empresa ineficiente. É para ajudar as empresas a terem competitividade
internacional.
Segundo ele, a pergunta dos investidores
sempre foi “onde eu fabrico bem e barato” e agora mudou para “onde eu fabrico
bem, barato e consigo compensar as emissões de gases de efeito estufa”. Ele diz
que essa nova atitude aumenta as oportunidades do Brasil.
Perguntei como o governo pensa em fazer para
conquistar eleitores mais à direita, lembrando que quem defende o golpismo
levou muita gente para a rua. Ele respondeu que é com a economia, mas não só.
—Na política, você conquista. A questão
econômica é central. O risco Brasil era 254 baixou para 130. A inflação estava
em 6% e baixou para 4,5%, dentro do teto da meta. A bolsa subiu. O dólar baixou
de R$ 5,40 para R$ 4,90. O desemprego caiu. É uma combinação de três coisas.
Eficiência econômica, rede de proteção social e liberdade individual.
O vice-presidente disse que, na eleição
municipal o que será preponderante será a questão local e não a polarização
nacional. “É local. O povo separa muito bem”.
Alckmin explica o afastamento do eleitorado
evangélico como consequência ainda das fake news.
— Diziam, ‘olha o PT vai fechar as igrejas’.
Nenhuma igreja foi fechada. ‘Vai aprovar o aborto’. Aprovou nada. Tudo fake
news. O MEC tinha acabado, era só homeschooling, que é uma proposta racista
inventada nos Estados Unidos.
Muito bom.
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