O Globo
‘Bandeira branca’, sugeriu o Papa
Francisco. A Ucrânia replicou de imediato: só temos uma bandeira,
que é amarela e azul. Na sequência, um tanto constrangido, o Vaticano esclareceu
que não propunha a rendição, mas a negociação. De um jeito ou de outro, a
intervenção papal reflete a prolongada confusão estratégica do Ocidente.
Lá no início, quando os ucranianos surpreenderam o mundo barrando a ofensiva russa sobre Kiev, os Estados Unidos definiram o objetivo de impor uma derrota estratégica à Rússia. A Ucrânia forneceu um conteúdo a essa meta: reconquistar todas as terras ocupadas pela Rússia desde 2014, inclusive a Crimeia. Putin foi empurrado à escolha entre tudo ou nada.
Na Ucrânia, entrelaçou-se o destino político
do ditador russo ao destino militar da campanha russa. A implicação direta de
uma derrota estratégica seria a queda do regime de Putin. Tudo ou nada: Putin
pagou para ver o blefe, apoiando-se na dissuasão nuclear para limitar o auxílio
bélico à Ucrânia. Então, na hora da verdade, tornou-se patente a desproporção
entre os fins proclamados pelo Ocidente e os meios empregados para alcançá-los.
A ambivalência ocidental determinou o ritmo
da guerra. Passo a passo, os Estados Unidos e seus aliados administraram a
ajuda à Ucrânia, retardando a entrega de artilharia de longa distância, de
blindados e tanques e de jatos de ataque. Pior: jogaram todas as fichas na
contraofensiva do verão europeu de 2023, treinando um exército virtualmente
desprovido de força aérea nas táticas de guerra de manobra da Otan,
que exigem superioridade nos ares.
O fracasso da contraofensiva fixou as forças
inimigas numa guerra posicional de atrito que favorece o detentor da
superioridade industrial e demográfica. As forças russas avançam lentamente, à
custa de perdas materiais e humanas imensas, mas aceitáveis para um regime
tirânico sob ameaça existencial. Do outro lado, uma Ucrânia exaurida, com
indústria militar incipiente e recursos populacionais finitos, debate-se sobre
a viabilidade social de ampliar a conscrição militar.
A crise no front impacta a retaguarda
política, como atesta a colisão entre o presidente e o comandante das Forças
Armadas concluída pela demissão do segundo. Enquanto isso, nas trincheiras
encharcadas pelo degelo de primavera, tropas heroicas resistem inferiorizadas,
economizando escassos obuses de artilharia.
A Rússia circundou as sanções ocidentais,
reorientou seu intercâmbio na direção da China e, beneficiando-se das rendas de
exportações de óleo e gás, ergueu uma economia de guerra. No Ocidente, sujeito
às marés da política, o impulso inicial de solidariedade à Ucrânia quase secou.
As nações europeias revelaram-se incapazes de expandir sua estagnada indústria
bélica na velocidade planejada. A Câmara dos Estados Unidos, controlada pelos
republicanos, bloqueia um vultoso pacote de ajuda militar. Putin celebra o
décimo aniversário da anexação da Crimeia sonhando com o retorno de Trump à
Casa Branca.
Havia, lá atrás, um caminho diferente. No
lugar da derrota estratégica da Rússia, definir o objetivo realista da
sobrevivência da Ucrânia como Estado independente, com soberania garantida pela
integração à União Europeia e à Otan. A meta desenharia os contornos de uma
“paz suja”, obtida por negociações, à base de dolorosas concessões
territoriais. Mas, mesmo amputada como a Finlândia de
1945 ou a Alemanha Ocidental
de 1949, a Ucrânia teria a chance de prosperar na arquitetura das democracias
ocidentais.
A meta realista solicitaria meios
apropriados: força esmagadora, assegurada por fluxos contínuos de ajuda bélica
e financeira quase ilimitada. Nada garante que Putin aceitasse a barganha
inglória. Contudo, nesse caso, um crônico impasse militar fortaleceria a
resistência ucraniana e, ao mesmo tempo, ofereceria uma saída honrosa para o
ditador russo.
A guerra de bandeiras entre o Papa e a
Ucrânia assinala o esgotamento das loucas ilusões sobre a derrota estratégica
russa. Biden precisa redefinir os objetivos do Ocidente na Ucrânia, traçando
uma rota viável de negociação. Talvez, sem querer, Francisco tenha nomeado a
alternativa trágica: bandeira branca.
O Ocidente rifou a Ucrania e reelegeu Putinho.
ResponderExcluirMAM
SÓ AS DEMOCRACIAS AJUDAM OUTRAS DEMOCRACIAS
ResponderExcluir●E se no momento não estiverem sob um governo antidemocracia.
■■Tudo sempre será insuficiente para ajudar um país tão pobre como a Ucrânia a resistir contra a 2° força militar do mundo.
■A única opção suficiente para ajudar a Ucrânia seria uma intervenção direta das democracia no conflito, mas esta opção está descartada porque adotá-la seria instaurar a 3ª grande guerra.
●¹ A Ucrânia tem resistido heroicamente, não só à Rússia, mas ao apoio direto ou indireto que a Rússia tem ganhado de ditaduras diversas e de líderes associados a ditaduras.
●² A Rússia, para a sua covardia contra a Ucrânia, ganha o apoio direto de ditaduras como China, Coréia do Norte, Irã, Síria (com fornecimento de soldados) e outras.
●³ E a Rússia tem ganhado mesmo o apoio indireto de outros lideres em forma de posicionamentos e atitudes que reforçam os interesses da ditadura em sua covardia contra a Ucrânia. Entre estes apoiadores indiretos estão líderes covardes como Lula , Nicolás Maduro, Orbán, Fico e outros.
=》Lula, em março ou abril/2023, recebeu uma visita absolutamente silenciosa do 1° ministro alemão, Olaf Scholz. O alemão chegou ao Brasil já com um pedido antecipado do democrata Joe Biden solicitando que fosse atendido.
O QUE O ALEMÃO E AS DEMOCRACIAS VIERAM PEDIR A LULA?
■A Alemanha estava doando tanques Guepard, de sua fabricação, para serem usados contra os drones da Rússia lançados nas usinas de energia da Ucrânia, o que agravava muito a situação do povo ucraniano durante o inverno. Mas faltava munição e a proteção das usinas de energia da Ucrânia era muito urgente, por causa de um inverno de 20 graus negativos.
■O Brasil havia comprado destes tanques para servirem à segurança do espaço aéreo durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, mas vinha procurando se desfazer das armas por causa do custo de armazenagem.
■A Alemanha estava aqui, com a presença silenciosa de seu próprio Chanceler, se oferecendo para comprar essa munição::
=》 Alemanha estava se oferecendo para COMPRAR! Não era nem mesmo pedindo que Lula/Brasil doassem a munição para a causa da democracia.
■LULA NÃO CEDEU A MUNIÇÃO PARA AS DEMOCRACIAS !
Olaf Scholz chegou e saiu em silêncio e de mãos abanando:: Lula não atendeu.
■Mesmo com o pedido de Joe Biden, que três meses antes houvera feito ações para impedir que Bolsonaro consumasse o golpe e que recebera Lula na casa Branca para este agradecer o "apoio à democracia" (como Lula consegue ser tão cínico*):: Lula NÃO ATENDEU o pedido do chanceler alemão.
O ITAMARATI ATÉ ESTAVA TENDENDO A VENDER A MUNIÇÃO, porque havia tratado nos anos anteriores sobre este ponto para o Brasil se desfazer da munição e se livrar do custo de armazenagem. Mas uma intervenção do PT para que a democracia da Ucrânia não fosse ajudada mudou completamente o posicionamento do Ministério das Relações Exteriores.
Edson Luiz Pianca.
Xuítter:: edson_pianca
■E em se tratando de armas para proteger o povo democrático da Ucrânia eu não contei ainda o caso das ambulâncias. Ali, no caso das ambulâncias, fica impossível a todos os petistas não assumirem o tamanho da covardia, cinismo desumanidade e antidemocrático do PT e de Lula.
ExcluirCarácoles!
ResponderExcluirBibi também não forneceu, alegando ameaça constante.Um ano depois, o Hamas atacou.
ResponderExcluirMAM