Correio Braziliense
Sim, Lula administra uma herança maldita de
Bolsonaro, mas já está há 15 meses no poder e, como ele próprio reconhece,
ainda não mostrou os resultados que os eleitores esperam
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é
dono das suas circunstâncias. Foi eleito num contexto que já não é mais o
mesmo, para o bem e para o mal. Por exemplo, no plano internacional, a situação
mudou para pior, com o surgimento de conflitos nos quais o rumo dado à política
externa esbarrou em obstáculos que não estavam no horizonte, como as guerras da
Ucrânia e de Gaza, e, agora, as eleições na Rússia e na Venezuela. Esses
episódios desnudaram um viés terceiro -mundista da política externa que cheira
a naftalina.
Ontem, na reunião ministerial, Lula relevou esses assuntos, porém, fez uma cobrança generalizada em relação aos ministros, sobretudo à atuação de Nísia Trindade. Em ambos os casos, as circunstâncias também são diferentes. A economia surpreende os próprios agentes econômicos, com a inflação controlada, mercado de trabalho aquecido, arrecadação em alta e um crescimento mais robusto do que se imaginava, apesar da oposição que Haddad sofre do PT e alguns ministros palacianos.
No plano social, porém, a situação é
complicada: com a pandemia de Covid 19 controlada graças à vacina, o governo
foi surpreendido pelo impacto do El Niño, que aumentou a proliferação do
mosquito da dengue, epidemia que saiu completamente de controle sem que o
Ministério da Saúde disponha de vacinas em quantidade suficiente. Faltou
planejamento e investimentos em biotecnologia, seja para produzir vacinas, seja
para desenvolver um vetor capaz de controlar ou neutralizar a contaminação da
dengue pelo Aedes Aegypti.
Mas o problema não fica por aí. O tema da
violência caiu no colo de Lula. A crise na segurança pública é nacional, há
estados praticamente ocupados pelo crime organizado, como Acre, Rio de Janeiro
e Amazonas, mas fora da alçada do governo federal, por falta de competência
constitucional. Os governos estaduais são paralisados pela infiltração de
quadrilhas nas polícias civil e militar. É um espanto a denúncia de que todos
os quartéis da PM de São Paulo têm caixa dois. Nesse contexto, o ministro da
Justiça, Ricardo Lewandowski, está com o mico de dois fugitivos do presídio
federal de Mossoró (RN) nas mãos. O cerco policial armado para recapturá-los é
um fracasso. Sinaliza incompetência.
Um ponto forte do governo que virou ponto
fraco, por exemplo, é questão ambiental. Houve uma mudança, sem dúvida, com
Marina Silva à frente do Meio Ambiente, mas o governo não consegue reverter
problemas como o dos ianomâmis, por exemplo, de grande repercussão
internacional. A prioridade energética continua sendo a exploração do petróleo,
e não a energia verde. Outro ponto forte que está sendo anulado é a política
para a educação. O ministro Camilo Santana foi emparedado pelas corporações e
pela oposição bolsonarista.
Estado maior
Sim, Lula administra uma herança maldita de
Bolsonaro, mas já está há 15 meses no poder e, como ele próprio reconhece,
ainda não mostrou os resultados que os eleitores esperam. O puxão de orelhas
nos ministros não vai resolver o problema, há que mudar os métodos de gestão e
melhorar o diagnóstico sobre a atuação de cada pasta. O governo também carece
de uma política de comunicação capaz de enfrentar a oposição sem entrar na
lógica da radicalização retórica, como a do próprio Lula, ao chamar o
ex-presidente Bolsonaro de “covardão”, ou só se remeter ao passado.
Existe funcionalidade nisso, porque os fatos
estão desnudando a tentativa de golpe de Estado que resultou no 8 de janeiro.
Essa ameaça serve para manter a coesão das forças que o apoiaram em defesa da
democracia, mas não serve para mantê-las unidas em torno do governo Lula. No
livro O líder sem estado-maior (Fundap, São Paulo, 2000), do ex-ministro do
Planejamento do governo Allende Carlos Matus — escrito na famosa Isla Negra, no
Chile, em agosto de 1996, há uma reflexão sobre atos e responsabilidades dos governantes.
É antológica a parábola da “jaula de
cristal”: o líder isolado, prisioneiro da corte “que controla os acessos a sua
importante personalidade”. O presidente sem “vida privada, sempre na vitrine da
opinião pública, obrigado a representar um papel que não tem horário, que não
pode aparecer ante os cidadãos que representa e que dirige como realmente é,
sem transparecer seu estado de ânimo”.
Quem forma o estado-maior de Lula? A
primeira-dama Janja da Silva, Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macedo
(secretário-geral da Presidência), Alexandre Padilha (Relações Institucionais),
Paulo Pimenta (Comunicação Social), Jorge Messias (Advocacia Geral da União) e
os assessores especiais Celso Amorim (Relações Internacionais) e Marco Aurélio
Santana Ribeiro (chefe de gabinete), o único que entra na sua sala sem pedir
licença. Todos são petistas, controlam o governo com mão de ferro pela
atividade meio, a maioria tem menos representatividade política do que muitos
ministros. São os donos da “jaula de cristal”.
A HERANÇA QUE BOLSONARO TRANSFERIU A LULA...
ResponderExcluirFOI A MESMA HERANÇA QUE BOLSONARO RECEBEU DE LULA E REPETIU
■Em Dengue, em Covid, em saneamento, em gastança, em irresponsabilidade, em preferência por regimes antiliberais e antidemocráticos, em corrupção, em fisiologismo....
ResponderExcluir=》EM TUDO BOLSONARO REPETIU LULA
=》EM TUDO LULA REPETE BOLSONARO
■QUE BRASIL TRÁGICO, O BRASIL DE LULA É BOLSONAR !
ResponderExcluir=》Nossa Educação é nossa Segurança é das piores do mundo, nossa situação fiscal é das piores do mundo, nossa negligência com os indígenas e com os pobres é completamente vergonhosa...
...E ESTES MERDAS NÃO SABEM FAZER UM BRASIL...
E NEM QUEREM !
Esperar o quê de dois populistas incompetentes e corruptos que não gostam de democracia?
■O Brasil está paralisado desde 2007:: TEMOS QUE NOS LIVRAR DISSO...
Excluir=》Temos que nos livras destes dois.
O Brasil melhorou cem por cento em relação a Bolsonaro.
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