Folha de S. Paulo
Gestão de Lewandowski é ruim, mas estados
também agem pouco
O veto ao fim das saidinhas,
mantendo-se o benefício em datas comemorativas, tem poucas chances de ser
aprovado no Congresso. A decisão presidencial favorece a oposição e aumenta o
desconforto do governo em temas relacionados à criminalidade. Tarcísio
de Freitas e seu braço direito Guilherme
Derrite, o autor do projeto, estão esfregando as mãos, antevendo nova
derrota e mais desgaste para Lula.
No Ministério de Justiça, Ricardo Lewandowski se comporta como se gozasse o descanso dos aposentados. Sua gestão é morna, quando é preciso um choque para conter a violência desatada, não só a dos bandidos como a policial. O antecessor na pasta, Flávio Dino, ao menos tentou federalizar ações de combate ao crime organizado nos estados.
A questão penal é o melhor discurso
eleitoral. Governadores do Sul e do Sudeste pressionam Lewandowski por novas
leis contra o crime. Na mesma linha e aproveitando para provocar o Supremo, o
Senado acaba de pôr o país na contramão do mundo ao criminalizar porte e posse
de drogas, não diferenciando usuário de traficante.
No entanto o barulho não é só federal. As
fraudes em licitações de câmaras municipais e prefeituras em diversas regiões
de São
Paulo, envolvendo empresas ligadas ao PCC, levou Tarcísio de Freitas a
descobrir o óbvio. "O crime está ficando cada vez mais ousado, está se
infiltrando no poder público", disse o governador, sem citar o prefeito
Ricardo Nunes, a quem apoia na campanha de reeleição. Só depois do escândalo
Nunes resolveu romper os contratos com as empresas investigadas.
O Rio também não olha o próprio rabo. O
governo Cláudio Castro viu dobrar o domínio de grupos armados em territórios do
estado. O Comando Vermelho é o maior controlador. E, por gentileza do ministro
Nunes Marques, do STF, o capo do jogo do bicho, Rogério Andrade, já pode
badalar à noite —e livre da tornozeleira eletrônica.
Pois é!
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