sexta-feira, 12 de abril de 2024

Bernardo Mello Franco – Palavra do Zero Um

O Globo

Articulação para tentar tirar deputado da cadeia foi liderada pelo PL, partido do ex-presidente

Flávio Bolsonaro deu sua palavra. “Eu não defendo milícia. Nunca defendi”, disse na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva.

O senador já empregou a mãe e a mulher de um dos mais famosos milicianos do estado. Ainda foi à cadeia condecorá-lo com uma moção de louvor por “dedicação, brilhantismo e galhardia”.

Como deputado estadual, ele defendeu a legalização dos grupos paramilitares que impõem o poder pelo medo. Alegou que o Estado não teria condições de garantir a segurança em todas as favelas do Rio.

Seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, nunca fez questão de esconder a simpatia pelos bandos armados. “Naquela região onde a milícia é paga, não tem violência”, declarou o capitão. A frase é de fevereiro de 2018, quando ele já rodava o país como pré-candidato ao Planalto.

Questionado sobre a aliança de longa data, Flávio alegou no Roda Viva que os milicianos de hoje seriam piores que os de ontem. “A pessoa era uma coisa e depois muda. Eu tenho que ser responsabilizado por isso?”, perguntou o Zero Um.

A resposta foi dada dois dias depois, no plenário da Câmara.

De 513 deputados federais, 129 votaram a favor de soltar o colega Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. O cordão da impunidade foi puxado pelo PL, partido do capitão e dos filhos.

Em vídeo para as redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro conclamou os aliados a se unirem para libertar o acusado de duplo homicídio. A causa mobilizou toda a bancada bolsonarista, do general Eduardo Pazuello ao delegado Alexandre Ramagem.

Ao pedir a prisão preventiva de Brazão, a Procuradoria Geral da República afirmou não ter dúvidas do seu envolvimento com a milícia, em “cogestão ilícita” de bairros e favelas cariocas.

Na próxima entrevista, o Zero Um repetirá que não defende a milícia. Nunca defendeu.


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