O Estado de S. Paulo
Nem Haddad nem Rui Costa nem Alexandre Silveira, quem manda na Petrobras é Lula
O petista Jean Paul Prates deu ao presidente
Lula o pretexto que ele esperava não apenas para tirálo da presidência da
Petrobras, como para neutralizar a guerra interna entre o chefe da Casa Civil,
Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o ministro de Minas e
Energia, Alexandre Silveira, no meio. Nenhum dos nomes propostos por um deles
está vingando e o favorito é Aloizio Mercadante, que dispensa padrinhos e tem
canal direto com Lula, não é de hoje.
O destino de Prates no governo já estava virtualmente selado, mas ele só cairia no fim do ano, com a reforma ministerial, e antecipou sua saída ao passar a sensação de estar desafiando Lula, quando disse à jornalista Monica Bergamo que pediria uma “conversa definitiva” com Lula sobre sua autonomia na presidência da maior empresa brasileira. O problema dele deixou de ser com Haddad, Costa e Silveira e passou a ser com o presidente, que ficou bravo.
A cabeça de Prates já estava a prêmio, mas é
aquela história que qualquer um que conheça os meandros do poder já viu. Com
Prates longe, quem tem capacidade de emprenhar o presidente pelos ouvidos são
Haddad, claro, Silveira e Costa. E nunca se esqueça da influência de Janja.
Detalhe: cada um emprenha os ouvidos de Lula para um lado diferente.
O que está por trás, além das já cansativas
disputas no PT, é muito mais grave: o papel do governo e do Planalto na
definição de quadros e da política de preços da Petrobras. Lula e Bolsonaro são
antagônicos em praticamente tudo, mas dividem algo em comum: a obsessão por
controlar preços e usar a Petrobras para dar boas notícias ao eleitorado. Ou
alguém esqueceu que, no ano (re)eleitoral, Bolsonaro baixou o preço da gasolina
na bomba à custa do equilíbrio das contas estaduais?
E não foram só eles, porque no governo e meio
de Dilma, que gerou dois anos seguidos de recessão, a continuação do ataque
político à Petrobras não se resumiu à partilha de cargos entre PT e partidos
aliados, mas também pela intervenção política e ideológica na definição de
preços ao gosto não só do freguês, mas da própria presidente.
O fato é que as últimas pesquisas e as quedas
de popularidade mexeram com os brios de Lula, a passividade do governo e o
pavor de boa parte da opinião pública com a volta do bolsonarismo, ou até de
Bolsonaro.
É assim que, além de botar a ministrada para
mostrar serviço e arranjar um jeito de baixar preços de alimentos e
combustíveis, Lula está bolando algo bem maior. Por isso se reuniu com o
marqueteiro Sidônio Palmeira e a equipe de Paulo Pimenta para discutir uma
“ofensiva de opinião pública”. Dizem que Janja também participou. Será?
Será?
ResponderExcluir"Lula e Bolsonaro são antagônicos em praticamente tudo, mas dividem algo em comum"! - VERDADE VERDADEIRA!
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