Folha de S. Paulo
Não há muita perspectiva para investimentos produtivos sustentarem o PIB
"Só quando a maré baixa é que
descobrimos quem estava nadando pelado." Atribuída ao investidor Warren
Buffett, a máxima expôs nesta semana a fragilidade de Lula na economia.
Bastou o mercado global ver sinais de que os
EUA não baixarão os juros tão
cedo, frente a
pressões inflacionárias, que as perspectivas para emergentes
desajustados azedaram. Moedas locais perderam valor, com impactos na inflação,
à medida que investidores
correram para títulos dos EUA.
Caso do Brasil, onde o arcabouço fiscal oferece baixa credibilidade de que diminuirá a relação entre a dívida bruta e o tamanho do PIB —indicador de solvência do país. No fim de 2023, a proporção era de 74,3%, mas o mercado (Focus) enxerga 87% em 2030.
O mecanismo não é complicado. Investidores
preferem garantir entre 5,25% e 5,50% ao ano em papéis do Tesouro dos EUA, para
uma inflação de 3,5%, do que arriscar dinheiro no Brasil. Ou, alternativamente,
exigem juros maiores do Tesouro brasileiro —e eles subiram para 6% ao ano (mais
IPCA) nesta semana, ante 5,5% em janeiro (caso das NTN-B).
Há duas saídas para reduzir a relação
dívida/PIB. Crescer mais ou fazer superávits primários, a economia no gasto
para abater dívida. Até aqui, o Brasil não cortou despesas; e aumenta impostos
para fazer superávits. Mas não está funcionando.
Do lado do PIB, o país cresceu 3% em 2022 e
2,9% em 2023, níveis turbinados, respectivamente, por gastos bilionários
de Jair
Bolsonaro na eleição e a PEC da
Transição (R$ 145 bilhões) de Lula.
O anabolizante do gasto acabou. Passa-se
agora ao aumento do crédito; e as novas concessões de empréstimos cresceram
9,1% em 12 meses até fevereiro. É sustentável? Só se o juro cair, algo incerto
agora.
Não há também muita perspectiva para
investimentos produtivos sustentarem o PIB. Quem investirá numa nova fábrica ou
comércio se, sem fazer nada, ganha-se 6% ao ano, mais inflação, emprestando a
um governo gastador?
Chamada do G1 de hoje :
ResponderExcluirA maré mudou
" Da saída da Ford ao recorde de investimentos: o que reacendeu o ânimo das montadoras no Brasil "
Há um ano, gigantes automotivas paralisavam suas fábricas no país. Hoje, cenário é outro: setor anunciou R$ 125 bilhões em investimentos.
🤔🤔🤔
Pois é...
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