Folha de S. Paulo
A Internacional da Extrema Direita apenas
começou e, aos poucos, vai ganhando todas
Nos anos 1930, o mundo tremia ao ouvir falar
do Comintern, a Internacional Comunista. Hoje, sem nome, há uma Internacional
da Extrema Direita, e o mundo ainda não se tocou. Ela já detém o governo na
Itália, Polônia, Hungria e Holanda. Integra ou apoia o governo na Finlândia,
Suécia e Grécia. Cresce a galope na França. Chegou perto nas eleições em
Portugal e Espanha. Pândega ou trágica, venceu na Argentina.
Promove o terror na Alemanha, no Canadá e na Nova Zelândia. E os EUA podem
ter Trump de
volta.
No Brasil, Bolsonaro tem processos e acusações suficientes para enjaulá-lo por 500 anos. Isso ainda não aconteceu porque a Justiça tem de seguir o seu curso "normal" —embora se trate de um anormal que, vitorioso na eleição ou no golpe, implantaria uma ditadura que nos faria sentir saudade dos militares. Daí, Bolsonaro continua à solta, arrotando ameaças e pautando a imprensa.
A extrema direita tem uma receita universal.
Populismo, nacionalismo, discurso moral e religioso. Xenofobia,
repúdio a imigrantes e racismo. Desprezo pelos partidos e pregação da
antipolítica. Domesticação ou fechamento do Judiciário. População armada.
Antiliberalismo. Negacionismo. Rejeição às teses identitárias e rancor contra
artistas e intelectuais. E, com o apoio de seus zumbis nas redes sociais,
disseminação de fake news, discurso de ódio com ameaças físicas e inversão de
conceitos —falam de "liberdade", "democracia" e
"eleições limpas" e, quando no poder, esses valores são os primeiros
a serem cancelados.
Elon Musk,
o Führer das plataformas digitais, encarna esse programa. Seu desacato ao
Brasil poderia ter sido ditado por Bolsonaro.
Mais cedo do que pensamos, o mundo pagará caro por essa tecnologia sem pátria e
sem freios.
O Comintern fracassou em tudo e acabou em 1943. A Internacional da Extrema Direita apenas começou e, aos poucos, vai ganhando todas.
Interessante, faz sentido.
ResponderExcluirDá medo.
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