O Globo
Não é hora de procurar culpados. Não se deve
politizar a tragédia. Os chavões se repetem desde o início das enchentes no Rio
Grande do Sul. Ajudam a encobrir erros, diluir responsabilidades, proteger quem
se omitiu.
Escolhas políticas estão na origem da
emergência climática. Autoridades que negam a crise ajudam a agravá-la.
Governantes que não investem em prevenção contribuem para ampliar os desastres.
O prefeito de Porto Alegre não aplicou um
centavo no sistema contra enchentes em 2023. Sem manutenção, diques e comportas
entraram em colapso. A água invadiu o centro histórico, tomou as ruas, deixou
bairros submersos.
No domingo, Sebastião Melo orientou os donos de casas de praia a se refugiarem no litoral. A sugestão não contemplou as famílias mais pobres, condenadas a buscar abrigos e entrar nas filas de doações.
O governador gaúcho patrocinou o desmonte da
legislação ambiental do estado. Aprovadas em 2019, as mudanças afrouxaram as
regras de licenciamento, liberaram o corte de árvores nativas, reduziram a
proteção de rios e nascentes.
Há menos de um mês, Eduardo Leite sancionou
outra lei que permitiu a construção de barragens para o agronegócio em áreas de
proteção permanente. Agora ele dá entrevistas de colete da Defesa Civil e pede
um “Plano Marshall” para recuperar o que foi destruído.
O descaso com os riscos climáticos se estende
à bancada federal do Rio Grande do Sul. Dos 34 congressistas gaúchos, só uma
deputada destinou emendas para a prevenção de desastres este ano. O campeão de
votos no estado pertence à bancada ruralista.
O momento é de resgatar e acolher as vítimas,
mas medidas emergenciais não evitarão novos eventos extremos. As saídas, como
sempre, dependem da política. E o discurso de não buscar culpados só ajuda a
protegê-los.
Hoje os senadores devem votar um projeto que
reduz de 80% para 50% a reserva legal na Amazônia. Se a boiada passar, os
proprietários de terras poderão derrubar mais áreas de floresta. É uma receita
certa para encomendar novas tragédias.
Perfeito.
ResponderExcluirRealmente perfeito!
ResponderExcluirA busca insana do lucro.
ResponderExcluir"Não é hora de procurar culpados" - afirmam categoricamente os maiores CULPADOS por estes problemas do RS...
ResponderExcluirO colunista poderia ter incluído Lula e o governo federal - afinal, um ano e meio depois de iniciar seu terceiro mandato, o petista já teve 9,5 anos pra melhorar a política de ocupação de áreas de risco e quase nada fez neste tempo todo.
E a gaúcha Dilma, que tantos anos viveu em Porto Alegre, depois de 6 anos de mandato presidencial, que contribuição deu pra minorar os problemas de enchentes no RS e no país??
A maior boiada dos últimos tempos foi passada pelo criminoso paulista Ricardo Salles quando era ministro do MMA do genocida golpista e mentiroso, mas a omissão com os problemas ambientais esteve presente em quase todas as gestões públicas das últimas décadas.